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Nesta entrevista temos o viajante Filipe Silva.
Vamos conhecer um pouco mais sobre quem viaja e explora o mundo. Nesta rubrica “QUEM VIAJA“, proponho dar a descobrir várias pessoas que viajam o mundo à sua maneira, cada um de forma diferente. Tento criar assim, um perfil de viajante, rápido e fácil de ler sobre vários viajantes portugueses e brasileiros.
Filipe Silva – Perfil de Viajante
- Nome completo: Filipe Manuel Portela Silva
- Profissão: Consultor Informático por necessidade e Fotógrafo de Viagens e Aventuras por vocação
- Data de nascimento: 1974, esperei por Junho para deixar passar o 25 de Abril
- Local de nascimento: França, Filho de Pais portugueses e Português Integral e de coração
- Local de residência: Leiria – Portugal
- Quantos países já visitou: 15
- Quantos continentes já visitou: 3
- Maneira preferida de viajar: Gosto de Overland, ou seja, viajar em autonomia de veículo 4×4 dentro do meu ritmo e poder ir a locais pouco explorados e fora dos circuitos turísticos e com poucas ou nenhuma infraestruturas
- Comida preferida: Tudo o que tenha a ver com comida Portuguesa sem dúvida a melhor do mundo!
- Cor preferida: Azul céu e verde esperança
- Banda preferida: Ui! Depende do local, estado de espírito e companhia, mas basicamente tudo o que faça voar a mente ou seja: instrumentais, tipo Mike Oldfield
- Fruta preferida: A bela da Pera Rocha! Não podia ser outra mais característica do nosso belo País.
- Livro de viagem preferido: Viagem por África do Paul Theroux. Apesar de ser um escritor “tradicional” faz um relato de natureza e do espírito de África levando-nos a perceber o porquê de alguns comportamentos sociais e das diferenças para com o mundo ocidental através de algumas reflexões realizadas com o apoio de alguns intelectuais e habitantes dos países por onde andou numa viagem que começa no Egipto e acaba na África do sul
- Já se apaixonou por alguém em viagem? Sim já! Uma oficial da polícia da Zambia! Lindissima, que me quis multar e que me fez desejar que me prendesse. Uma oficial que faria corar a Naomi Campbell de inveja
- Você vive para viajar ou viaja para viver? Ambas as coisas são verdade. Viajar está-me no sangue e ressaco sempre que não estou a viajar
- Próximas viagens: Índia por tradição, Madagáscar pela curiosidade e natureza e Islândia pela paisagem
- Países onde não voltaria: Ui! Só se morrer antes de o poder fazer! Todos os países têm o seu charme, encantos, desafios, perigos e tesouros e essa diversidade que me faz querer sempre voltar
- Países onde voltaria: Namíbia, Togo e Burkina Faso
- Países com melhor comida: Marrocos, adoro a comida marroquina, Noruega, adoro os derivados de bacalhau fresco e gosto dos pequenos-almoços de Inglaterra
- Qual o país com mulheres / homens mais bonitos: Ui! O meu percurso é o da fotografia de natureza, se calhar passo mais tempo a fotografar natureza e vida selvagem do que a olhar para os homens ou mulheres, de qualquer forma acho que África tem alguns países com Mulheres lindíssimas. Na Europa, temos por cá as nórdicas: Suécia, Noruega, Finlândia.
- Hotel preferido: Gosto sempre da sensação de chegar ao Albergue do Sud em Marrocos depois de uns dias a percorrer as pistas junto à fronteira da Argélia em Marrocos. É como se voltasse a casa e um bom hotel tem de ter essa característica: de nos fazer sentir em casa
- Site / blog: www.filipe-silva.com
Filipe Silva – Rubrica: Quem viaja – Falar com o viajante
Fotografia Viagem de Filipe Silva
Qual é a sua relação com as viagens? O que pretende encontrar enquanto está a conhecer outros países?
Procuro conhecer novas abordagens de viver a vida. Em cada pessoa com a qual me cruzo e em cada local que visito encontro formas diferentes da minha de olhar para as prioridades, para o tempo, para o espaço e com todos e em todos os locais reajusto a minha forma de estar e de viver. Este processo começou na minha primeira viagem e hoje sou um ser humano diferente do que era por causa das viagens. A tolerância, a simplicidade, o despreendimento de bens materiais são características que se estimulam nas viagens.
A necessidade de viajar com pouco, de interagir e de reagir a situações novas ou perante pessoas novas, amadurece-nos e faz-nos pensar por reação ou por prevenção. Viajar para mim é uma forma de me conhecer e de cultivar aquilo que procuro para mim, “bebendo” de cada povo, cada cultura, cada local, um ensinamento que trago para Portugal quando volto a casa e procuro modelar a minha vida em torno desses ensinamentos. Poderá parecer estranho aos olhos de muita gente a seguinte afirmação, mas viajar para mim é um pouco da minha religião. Viajar incute-nos uma necessidade de respeitar, de aceitar, de ser bom e positivo e é nesse sentido que viajo e procuro fugir dos circuitos turísticos minados por todos os podres que encontramos em qualquer sociedade dita “moderna”, procurando viajar para locais menos frequentados ou para junto de povos mais genuínos.
Muitos viajantes ficam fortemente marcados por algumas viagens, certas pessoas, culturas diferentes e experiências especiais. Qual a viagem mais marcante para si e conte o porquê:
Todas elas possuem situações que nos marcam. A primeira foi talvez uma viagem em Overland durante três semanas à Namíbia, Botswana e Zâmbia. Duas pessoas, um Land Rover Defender, três semanas e 6900 kmts percorridos pelo deserto e savanas de três países. Isto sem nunca ter colocado um pé em África e ser a primeira vez que viajava com o meu amigo Gonçalo Duque que conhecera dois meses antes: uma verdadeira aventura que para além de ter corrido muito bem em termos de trabalho de equipa, me permitiu conhecer um país (Namíbia) fabuloso, contactar um povo fenomenal e que me fez perceber pela primeira vez que se pode ser feliz com pouco ou nada. Foi essa viagem que me fez repensar as minhas prioridades e perceber que talvez o “SER” fosse mais importante que o “TER” e que se pode “SER” sem “TER”. Devo isso a África.
Algumas pessoas precisam de ser incentivadas a sair de casa, a perder o medo de viajar. Que conselhos pode dar a alguém que quer começar a viajar mas não sabe como, quando e porquê?
Às vezes buscamos por perto aquilo que vamos encontrar longe. Para nos conhecermos necessitamos de sair da nossa zona de conforto. O nosso verdadeiro “EU” é descoberto com novas experiências, com novas pessoas em contextos diferentes daqueles de que estamos habituados. A maior parte das vezes vamos descobrir que os nossos limites estão muito para além do que imaginávamos e que os nossos medos apenas existem na nossa cabeça. Viajar faz-nos mudar, amadurecer, crescer, ver o mundo sobre outras perspectivas. Viajar é um bom caminho para estimular a nossa sensibilidade, a nossa tolerância, a nossa capacidade de aceitar as diferenças.
Já viveu num país diferente mais do que seis meses? Se sim, onde foi e o que esteve a fazer. Diga-me também, o que retirou dessa sua experiência de viver no estrangeiro:
Mais do que seis meses nunca. Sempre voltei à base, a Portugal antes desses seis meses.
Escolher uma paisagem preferida pode ser muito difícil. Mas tente escolher uma paisagem que ficou para sempre na memória. O que sentiu naquela altura?
A cratera de Ngorongoro na Tanzânia. Fiquei uns 5 minutos de boca aberta antes de conseguir pegar na máquina fotográfica e começar a fotografar. É o tipo de paisagens que encontramos no filme do Jurassic Park e que pensamos só existir em filmes. O verde, a fauna, a cultura, o espaço e dimensão só podem ser apreciadas no local e nunca é possível por muitos documentários da BBC ou na NG perceber a dimensão e a magia do local.