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Visitar a Antártida é fácil, mas como é o continente situado no extremo mais austral do globo terrestre, no qual contém o Polo Sul, requer um pouco de organização. Para facilmente distinguir a geografia entre o Polo Sul e Polo Norte, é simples: o Polo Norte tem água rodeado por continentes, enquanto que o Polo Sul tem um continente rodeado por água – a Antártida. As elhores atrações da Antártida requerem assim vários dias de navegação, e várias saídas em expedição com barcos mais pequenos. Faço agora uma lista com as melhores atrações da Antártida.
Lugares para visitar a Antártida
1- Passagem de Drake
Este é o nome dado à vasta massa oceânica que separa a América do Sul da orla da Antártida. Será um ponto incontornável numa viagem totalmente marítima, demorando tipicamente dois dias a três dias a atravessar. As condições do mar são frequentemente complicadas e poderão enfrentar-se vagas de dez metros de altura. É considerada por muitos marinheiros a zona marítima mais agreste do mundo.
Se o assusta a perspectiva de enfrentar este troço, considere voar directamente para a Antártida e aí apanhar o navio que fez a travessia. Claro que isso será mais caro, mas para além de evitar o desconforto – se o tem – permite-lhe igualmente poupar tempo.
2- Neko Harbour
Neko Harbour ou Porto Neko localiza-se Baía de Andvord. O local é um dos principais pontos de desembarque na Antártida, sendo considerado um dos portos mais bonitos do mundo. Está rodeado de glaciares e de fiordes, avistando-se daqui o imponente Mount Francais (2.760m).
O local foi descoberto pela expedição belga de 1897-1899, comandada por Adrien de Gerlache, e recebeu o nome de um navio baleeiro norueguês que operou na área entre 1911 e 1924.
É visitado anualmente por aproximadamente 30 mil pessoas, sendo uma das paragens mais populares da Antártida, a par com Andvord Bay.
Os elementos que o envolvem compõem um quadro inesquecível. As montanhas geladas, e os glaciares que avançam para o mar são o enquadramento perfeito para a observação das cerca de duzentas e cinquenta famílias de Pinguins-Gentoo que ali vivem.
Será possível avistar algumas Focas-de-Weddel, nomeadamente nas proximidades do ponto de desembarque, um pouco mais acima, e na praia de pedras. Também os lobos-marinhos podem ser vistos em Neko Harbour e as suas águas são visitadas por várias espécies de baleias, especialmente Baleia-minke-antártica e as Baleias-Jubarte. Existem também muitas Skuas, para desespero dos pinguins, cujos ovos e crias mais novas são parte importante da dieta destas aves.
3- Ilha da Ferradura
A Horseshoe Island, ou Ilha da Ferradura, foi identificada pela primeira vez por John Rymill entre 1936 e 1937, tem cerca de 12 km de comprimento por 6 km de largura, localizando-se um pouco abaixo do Círculo Polar Antárctico. Trata-se de um excelente ponto de observação da vida animal característica da Antártida, como os Pinguim-de-adélia, as focas leopardo, as focas-caranguejeiras e os lobos-marinhos-antárcticos.
Existe na ilha uma base científica inglesa, a Base Y, construída em 1955 e abandonada desde 1960, mas mantida em condições para reactivação se for necessário. Durante o seu funcionamento fizeram-se aqui estudos geológicos e meteorológicos assim como levantamentos topográficos, com saídas de campo que chegavam a durar meses, levando os cientistas a locais a centenas de quilómetros, numa altura em que as deslocações se faziam em trenós puxados por cães.
Desde 1995 que é a antiga base é considerada um Sítio Histórico ou Monumento da Antártida, com o código HSM 63.
A área aconselhada para o desembarque na Ilha da Ferradura é em Sally Cove, a sul do abrigo que se encontra junto à antiga base.
4- Ilha de Adelaide
A Illha de Adelaide encontra-se a norte de Marguerite Bay, tem 120 km de comprimento e foi descoberta pela expedição de Biscoe, que teve lugar em 1832, e revisitada pouco mais tarde por Jean-Baptiste Charcot, que lhe deu o nome. Na realidade não está clara a origem deste nome. Poderá ser uma referência aos muitos Pinguins-de-Adelie que ali vivem ou uma homenagem à rainha de Inglaterra da altura.
Ilha de Adelaide na Antártida Ilha de Adelaide na Antártida
Apenas os cruzeiros que atravessem o círculo polar antárctico aqui chegarão, podendo os visitantes ver duas estações polares. A Base T, encerrada em 1976, e a mais recente Rothera Research Station, ocupada ao longo de todo o ano, apesar de no Inverno a sua população se reduzir a cerca de 20 pessoas. Esta última foi construída em 1975 e mais tarde foi enriquecida com uma pista de aterragem, o que faz dela um centro logístico para a região.
5- Ilha de Stonington
Também abaixo do Círculo Polar Antártico e não muito longe da Ilha da Ferradura. Nesta ilha existem duas bases científicas, uma é norte-americana e a outra é britânica.
A East Base foi construída na Ilha de Stonington há em 1939 pela US Antarctic Service Expedition, sendo uma das primeiras montadas por aquele país na Antártida. Foi quase imediatamente abandonada para ser reactivada entre 1947-1948, desta feita por privados, a American Finn Ronne Antarctic Expedition. Hoje em dia encontra-se completamente em ruínas, prometendo algumas surpresas a quem quer que consiga chegar ao local, como as tombas de Thomas Allan e John Noe, que morreram em 1960, quando se encontravam no exterior da base. Teoricamente apenas o acesso ao edifício principal é permitido.
A base inglesa, criada em 1946 recebeu o nome de Base E. Encerrou em 1950, devido às grandes dificuldades em garantir a visita dos navios de abastecimento e de contacto com o mundo exterior, que enfrentavam condições marítimas inclementes para aqui chegar. Foi reactivada entre 1960 e 1975. De 1948 a 1949 foi comandada por Sir Vivian Fuchs, um explorador polar notável, tendo este período marcou o apogeu da base. Centenas de quilómetros foram percorridos pelos cientistas aqui baseados, mapeando a Antártida e estabelecendo a primeira imagem cartográfica sólida do continente gelado. Hoje em dia pode-se aceder apenas a uma pequena parte das instalações, ao edifício principal e à sala do gerador.
Desde 1995 que esta base foi inscrita na lista de Sítios Históricos ou Monumentos da Antártida, com o código HSM 64 e se encontra sob a administração da Antarctic Heritage Trust.
A ilha é muito rica em vida animal sendo um excelente local para observar aves, especialmente as Skuas Polares os Trinta-Réis-Antárticos e os Cormoranes Imperiais. Podem também ser vistos Pinguins-de-adélia.
O local de desembarque recomendado chama-se Fishtrap Cove e fica a sul das duas bases.
6- Ilha de Goudier
A ilha de Goudier encontra-se no arquipélago de Palmer, Nesta ilha encontra-se a melhor loja de recordações da Antártida e uma estação de correios britânica, integrada na Base A, que foi transformada em museu.
Aqui poderá o visitante observar a recriação do ambiente e das condições de vida de uma base Antártida da época inicial. Existe uma oficina, uma cozinha, uma sala de comunicações, um dormitório, uma sala de estar e um laboratório.
A base foi construída pelos britânicos em 1944, em plena Segunda Guerra Mundial, no âmbito da misteriosa Operação Tabarin, que pretendia estabelecer uma presença sólida na Antártida numa altura em que se receava que a Alemanha nazi usasse a região como base. Após a guerra as bases construídas foram alteradas e passaram a ser usadas para fins científicos mas a maioria delas foi abandonada pouco tempo depois. A base A encerrou em 1962 mas em 1996 o British Antarctic Heritage Trust decidiu recuperá-la e transformá-la no museu que hoje pode ser visitado.
A base-museu é também conhecida como Port Lockroy, apesar deste ser o nome da baía junto à qual se encontra.
Na ilha de Goudier encontra-se uma sólida colónia de pinguins-gentoo que, segundo indicam os estudos, não reagem negativamente à presença constante de visitantes, mantendo um índice de sucesso de reprodução superior ao de áreas que não são visitadas por humanos.
É possível que esta curiosa situação resulte do impacto que as pessoas têm na presença de Skuas, aves predadoras de ovos e de jovens pinguins.
7- Jougla Point
Localizado no arquipélago de Palmer, este ponto marca o acesso a Port Lockroy, ali muito próximo, sendo um sítio adequado para a observação de pinguins-gentoo e de focas-de-wedell. Existem aqui impressionantes ossadas de baleia que inspiram belas fotografias, incluindo as impressionantes montanhas da ilha de Wiencke que servem de pano de fundo.
O local foi descoberto e identificado pela expedição francesa que andou pela Antártida entre 1903 e 1905 sob o comando de Jean-Baptiste Charcot.
8- Paradise Harbour
Paradise Harbour ou Porto do Paraíso é conhecido pelos complexos icebergues que normalmente são vistos como que a sair do porto, em diversas formas e tons de branco e azul.
Trata-se de um excelente lugar para visitar, onde a vida animal se encontra bem representada, com muitos pinguins, focas e abundante número de aves.
O local é maravilhoso, mostrando a razão de ser do seu nome, muito adequado perante a tranquilidade e beleza natural que o envolvem. Infelizmente nem sempre é possível o desembarque, mas mesmo nesses casos o visitante não se arrependerá do tempo aqui dispendido.
Não será de admirar se tiver oportunidade de ver algumas Baleias-Jubarte nos canais Lemaire e Fergusson, que dão acesso a Paradise Harbour.
Desembarca-se junto à base Brown, um complexo científico argentino construído em 1951 e que está activo apenas durante o Verão. Um dos melhores pontos para se obter uma perspectiva global de Paradise Harbour fica acima da base, podendo-se regressar deslizado pelo gelo.
Paradise Harbour na Antártida Paradise Harbour na Antártida Paradise Harbour na Antártida
A zona é densamente habitada por Pinguins-Gentoo, podendo-se ver também Focas-Caranguejeiras e Focas-Leopardo, enquanto nos céus evoluem os impressionantes Cormoranes-Imperiais.
9- Ilha de Danco
Esta ilha de dois quilómetros de comprimento encontra-se na parte sul do canal de Errera, na costa oeste da Terra de Graham. Foi identificada pela expedição belga de 1897-1899 e recebeu o seu nome em homenagem a Emille Danco, um explorador belga que morreu no decurso dessa viagem.
Se tiver oportunidade não deixe de fazer a subida até ao ponto mais alto da ilha, que apesar de ter apenas 130 m de altura oferece alguma dificuldade quando se caminha com o equipamento adequado para a exploração das terras Antártidas. A subida vale a pena contudo. De lá de cima tem-se uma vista geral sobre a ilha,
Ilha de Danco na Antártida Ilha de Danco na Antártida
Existiu na ilha uma base inglesa, a Base O, construída em 1955 e activa apenas durante quatro anos. Até 2004 ofereceu uma cabana refúgio aos aventureiros que ali chegavam mas nesse ano foi desmantelada e removida, ficando no local uma placa e seis blocos de concreto que lhe serviam de base.
Será excelente se a organização da sua viagem oferecer um passeio de semi-rígido em redor da ilha de Danco, já que o percurso é considerado dos mais bonitos que se podem fazer na Antártida.
A observação da vida natural promete proporcionar-lhe aqui bons momentos. Existem normalmente cerca de duas mil famílias de pinguins que procriam em Danco, instalando-se nas encostas norte da ilha. Existem também Focas-de-Weddel nas rochas e praias da ilha. Há boas probabilidades de avistar baleias nos acessos à ilha de Danco, especialmente se visitar na fase final do Verão.
10- Portal Point
Localiza-se na Península de Recus, na costa leste da Graham Land, e é um lugar espectacular. Os ingleses construíram aqui um abrigo em 1956, usando o local como ponto de entrada na península, o que lhe valeu o nome de Portal Point. Essas operações tiveram uma vida curta, tendo o abrigo sido abandonado em 1958 e totalmente desmantelado em 1997, tendo sido transferido para Port Stanley, nas ilhas Falkland, onde foi transformando num pequeno museu.
O lugar de desembarque é abraçado por maravilhosos glaciares que se dirigem às águas oceânicas. O visitante poderá subir até à suave colina que ali se encontra
Não muito longe existe um grupo de rochedos, o Hydruga Rocks, assim chamados devido às Focas-Leopardo (Hydrurga leptonyx) que ali habitam. O rochedo mais alto ergue-se a 25 metros e toda esta área permite bons avistamentos de vida animal. Para além das referidas focas, existem Pinguins-de-Barbicha e muitas outras aves que ali procriam.
11- Wilhelmina Bay
A Wilhelmina Bay ou Baía de Whilhelmina encontra-se na Península de Reclus, entre o estreito de Gerlache a a costa da Terra de Graham, e como tantos outros locais maravilhosos na parte da Antártida mais acessível aos visitantes foi encontrada durante a expedição belga que teve lugar nos últimos anos do século XIX. O seu nome deve-se à rainha da Holanda, Wilhelmina, que ao contrário do próprio governo belga, financiou a expedição de Adrien de Gerlache a bordo do navio Bélgica.
A sua envolvência é de grande beleza. Ali se vêem falésias geladas, que se debruçam sobre as águas de um azul profundo, e glaciares de gelo limpo. Existe uma formação rochosa que impressiona pela precisão da sua geometria, erguendo-se para os céus em forma de pirâmide.
Este é um dos lugares mais propícios para a observação de baleias sendo por vezes chamado de Whale-mina Bay. Isto deve-se, entre outras circunstâncias, à abundância de krill, a base da alimentação dos enormes cetáceos.
Em 1914 existiam nas águas Antártidas dezasseis navios que processavam as baleias pescadas por embarcações de menores dimensões. O Guvernøren eram um deles. A 27 de Janeiro de 1915, quando se encontrava em Wilhelmina Bay, o navio norueguês ardeu, transformado numa tocha gigante pelos 16 mil barris de óleo de baleia que transportava. Salvaram-se os 85 homens da tripulação, mas o esqueleto do navio por ali ficou, oferecendo hoje um excelente tema para fotografia, o seu casco escuro, pintado por uma espessa cama de ferrugem, contrastando com o branco dominante que o envolve e com o azul das águas. O local do naufrágio é muito apreciado para mergulho.
12- Detaille Island
Esta pequena ilha localiza-se na parte ocidental da Península de Arrowsmith. Encontra-se razoavelmente abrigada de condições climatéricas adversas mas a abundância de gelo flutuante torna difícil a aproximação de navios pelo que as probabilidades de aqui vir serão algo reduzidas e apenas os cruzeiros que atravessem a linha polar Antártida terão alguma possibilidade de aqui chegar.
Se o fizer, vai certamente divertir-se a observar a colónia de Pinguins-de-Adelie que aqui residem e a explorar a antiga base polar britânica, a Base W, que apesar de ter sido abandonada em 1959, devido à dificuldade de ser abastecida por mar, aparente ter estado activa até há pouco tempo.
Na altura a equipa que aqui trabalhava deixou o lugar precipitadamente, pressionados pela falta de abastecimentos e pela sensação de que se não saíssem naquela oportunidade poderiam ficar ali para sempre. Mesmo assim tiveram que atravessar 50 km de gelo para atingir o navio que os aguardava. Devido a estas circunstâncias todo o recheio da base ficou para trás e visitar estas instalações é como viajar no tempo.
Ali se pode ver a antiga cozinha, latas de comida, material científico, livros, roupas. A antiga base é actualmente administrada pelo United Kingdom Antarctic Heritage Trust e desde 2009 que está classificada como Historic Site and Monument (HSM 83).
Vivem na ilha cerca de mil casais de Pinguins-de-Adelie, mas em princípio não será possível chegar até eles, podendo-se contudo observar os animais a uma certa distância.
13- Deception Island
Esta ilha, descoberta em 1820 pelo comandante William Smith, faz parte do arquipélago das Ilhas Shetland do Sul e oferece um dos portos mais protegidos do continente gelado.
Os baleeiros apreciavam a protecção desse porto e aqui instalaram em tempos um dos maiores complexos de processamento da pesca de baleia da Antártida, um testemunho dos horrores da chacina destes pacíficos animais que começou a atingir sérias proporções a partir da década de 20 do século passado.
A Grande Depressão (1929-1939) fez cair os preços dos produtos derivados de baleia, especialmente do seu óleo, e o complexo foi abandonado, ficando em ruínas desde então. Mas na área instalaram os ingleses uma base militar, parte de um plano mais amplo iniciado durante a Segunda Guerra Mundial, também ela deixada para trás na sequência de uma violenta erupção vulcânica que teve lugar em 1967. Desde essa altura a presença humana na ilha passou a ter fins meramente científicos.
Uma das atracções da ilha são as fontes geotermais, mas deverão servir para nos recordarmos que o vulcão aqui existente poderá entrar em erupção a qualquer momento, como sucedeu em 2017. É menor do que o vulcão do Monte Erebus, constantemente activo, mas a verdade é que é responsável pela maior erupção conhecida na Antártida.
A actividade vulcânica sob o gelo é o tema central das missões científicas argentina e espanhola estabelecidas em Deception.
Quem vier à ilha poderá contar com a observação de lobos-marinhos-antárticos, pinguim-de-barbicha e pinguins-gentoo, mas não é pela abundância de vida animal que esta ilha atrai visitantes.
14- Orne Harbour
Esta enseada oferece um abrigo natural aos navios que ali procurem refúgio, tendo sido identificado pela primeira vez pela expedição belga de 1897-1899. Tem cerca de 1,5 km de extensão e é um dos locais de paragem habituais para os navios de cruzeiro que visitam a Antártida.
O nome terá sido dado ao local por pescadores noruegueses, já que surgiu pela primeira vez referido pelo geólogo escocês David Ferguson que explorou a área a bordo do baleeiro escandinavo Hanka, em 1913.
Se desembarcar na ilha poderá subir ao Pico de Spigot, que não sendo especialmente alto, com 285 metros, pode apresentar um certo desafio devido ao piso escorregadio e à presença de ocasionais focas ao longo do percurso.
Os visitantes costumam ser conduzidos até à colónia de Pinguins-de-Barbicha existente na ilha, que de resto não é especialmente rica do ponto de vista da vida animal.
15- Ilha da Meia Lua
A Half Moon Island, ou Ilha da Meia Lua, é parte do Arquipélago das Shetlands do Sul, encontrando-se a uma curta distância da península de Burgas.
Encontra-se ali uma base científica argentina, criada como base militar naval em 1953. A base foi encerrada em 1960 e recuperada em 1988, mantendo-se em uso até aos dias de hoje, apesar de actualmente apenas estar activa durante o Verão.
Half Moon Island na Antártida Half Moon Island na Antártida
A ilha é uma das paragens frequentes para os percursos turísticos na Antártida, desembarcando-se na praia de seixos, o que por vezes se complica devido à ondulação forte.
Encontra-se na ilha um percurso pedestre de 2 km que proporciona um maior contacto com a vida animal ali existente.
Para quem quiser andar um pouco mais, há sempre espaço para passeios mais extensos, que certamente oferecerão boas possibilidades de avistamento de Pinguins-de-Barbicha (existem cerca de 3 mil casais na ilha), Pinguins-Gentoo, Focas-de-Weddell, Lobos-Marinhos-Antárticos e Skuas. É possível atravessar a ilha, o que constituirá uma caminhada de uns 5 km.
16- Cuverville Island
Esta ilha, localizada no canal de Errera, é mais um dos locais descobertos no decorrer da expedição belga de 1897-1899 e deve o seu nome a J.M.A. Cavelier de Cuverville (1834–1912), um destacado oficial da Marinha Francesa.
Actualmente não existe presença humana, para além da dos visitantes que aqui se deslocam. Entre 1992 e 1995 uma equipa do Scott Polar Research Institute manteve aqui um acampamento para monitorizar o efeito da chegada de turistas junto da vida animal, concluindo que seguindo o código de conduta estabelecido pela International Association Antarctic Tour Operators os turistas tinham um impacto residual junto dos animais.
A ilha tem 2,5 km de comprimento e 2 km de largura e uma volta em seu redor em semi-rígido é aconselhável, oferecendo boas possibilidades de avistamento de baleias e de formações flutuantes de gelo, os chamados icebergues, que com frequência colidem com a ilha, ficando ali encravados.
A paisagem envolvente é impressionante. A ilha é bastante elevada, oferecendo apenas um ponto de desembarque, já que toda a sua orla se eleva abruptamente bem acima do nível da água, chegando aos 250 metros.
É famosa pela vasta colónia de pinguins-gentoo que ali se encontra, composta por cerca de 6.500 casais mas podem-se avistar muitas outras aves e também Focas-de-Weddell e Focas-Lopardo.
17- Hope Bay
Hope Bay, ou Baía da Esperança, localiza-se na Península da Trindade, tendo sido descoberta em 1902 por uma expedição sueca liderada por Otto Nordenskiöld. Ali se encontra desde 1952 uma vasta base argentina, com presença militar e um grupo de famílias que formam uma colónia. São ao todo quarenta e três edifícios, chegando a habitar ali umas cem pessoas, no período estival. Uma curiosidade: foi aqui, na Base Esperanza, que nasceu o primeiro ser humano na Antártida. Aconteceu a 7 de Janeiro de 1978, quando a esposa de um oficial da marinha argentina deu à luz o seu filho, Emílio Palma. Também aqui se encontram a primeira capela católica e a primeira escola da Antártida.
Mas antes dos argentinos existia ali uma base, inglesa, a chamada Station D. A primeira tentativa levado a cabo pelos britânicos aconteceu em 1944, mas as condições climatéricas obrigaram a adiar por um ano o estabelecimento da base. Em 1948 um incêndio deflagrou ali, matando dois dos ocupantes da base . Em 1952 foram construídos novos edíficios e em 1997 foi transferida para o Uruguai que lhe mudaram o nome para Teniente Ruperto Elichiribehety Uruguayan Antarctic Scientific Station.
Ainda se podem observar as ruínas de um abrigo construído pelos suecos que no início do século XX descobriram a baía e que foi renovado em 1966. Esta estrutura foi classificada como Historic Site or Monument (HSM 39).
Para além da presença humana, pode-se observar na Hope Bay uma significativa colónia de Pinguins-de-Adelie, que conta habitualmente com cerca de 125 mil casais. Contudo, o acesso aos terrenos da colónia é interdito aos visitantes, por razões científicas. Seja como for, há sempre alguns pinguins que visitam as áreas abertas ao público e um bom número de outras espécies de aves, com destaque para os Pinguins-de-Barbicha.
Apesar das condições para o desembarque serem por vezes complicadas, e com fama de se mudarem repentinamente, a hospitalidade dos argentinos que ali vivem depressa fará esquecer as possíveis agruras da chegada.