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Depois de sair de Jerusalém seguimos para Sul em direcção à cidade de Belém, cidade esta toda rodeada e fechada por grandes muros de 10 metros de betão, construção do governo israelita. Pois bem, depois de momentos de tensão a entrar na Palestina pelo controlo de passaporte e pelo apertado check-point israelita lá entramos em Belém, uma cidade, um nome, um destino dentro da memória de qualquer um nascido em Portugal ou Brasil, mesmo que não seja religioso, este nome está sempre presente na nossa vida já ser o local onde nasceu Jesus (dada à nossa educação cristã).
Depois de seguirmos em direcção do centro da cidade eu e a Inês tentamos seguir o nosso instinto e fomos sempre em frenteem direcção a algum sítio que não sabiamos o quê, procuravamos só a Igreja da Natividade de Cristo. Não sabiamos bem onde era ou por onde era mas fomos sempre em frente até encontrarmos uma capela que dizia “Milk Grotto”. Mal sabia eu que havia lá uma capela dedicada à Nossa Senhora do Leite, à Virgem Maria. Realmente a minha ignorância de cultura religiosa judaico-cristão é péssima mas estou em fase de aprendizagem já que faz parte de cultura geral e do passado histórico-educacional do meu país. O saber não ocupa lugar.
Milk Grotto – Gruta do Leite
Temos então uma gruta, toda branca. Branca? Sim. A Gruta da Leite é uma pequena capela construida por Santa Paula na gruta onde a Sagrada família ficou durante a sua fuga para o Egipto. Segundo a tradição, enquanto Maria amamentava a Menino Jesus cairam umas gotas de leite espirraram para a parede, envolvendo a rocha do interior da gruta de cor branca. A capela actual é do século XIX, feita pelos franciscanos.
O fenómeno é estranho e parece que não há mesmo explicação lógica ou científica para o que esta pedra é. Já foram feitos estes e tudo. O mais interessante é que este local é na verdade um local de culto à fertilidade tendo muitas visitas de mulheres que querem aumentar a sua fertilidade ou aumentar o seu leite. Diz a lenda que misturando um pouco do pó da rocha (que facilmente se pode retirar um pouco) com água e bebendo, aumenta a fertilidade feminina e a quantidade de leite.
A nossa visita foi muito boa e o senhor que toma conta da capela fez-nos uma visita guiada ao local, explicando o melhor que podia todos os pormenores de cada canto da gruta, história, factos e lendas em torno da religiosidade deste local tão tranquilo e tão bonito. Uma coisa muito interessante é a mistura da escrita árabe em edíficios cristãos. Para nós esta mistura não é nada normal associando logo escrita árabe à religião muçulmana. Aqui podem-se ver escritos árabes com imagens da cristandade.
Nossa Senhora do Leite
“(…) A Virgem Santíssima foi homenageada pelos seus devotos em todas as fases de sua maternidade divina. Temos assim as invocações de Nossa Senhora da Anunciação, da Encarnação, da Expectação ou do Ó, do Parto, além de diversas representações de Maria com o Menino Jesus no presépio ou no colo. Evidentemente deveria surgir o titulo de Senhora da Lactação, pois foi com o seu leite que o Filho de Deus se alimentou nos primeiros meses de vida humana.
Qual não deve ter sido a emoção de Maria ao ver o seu Senhor, o Cristo, receber dela, simples criatura, o leite que iria desenvolver o Corpo, que Ele se dignou tomar, permitindo-lhe viver, crescer e tornar-se um homem (…)
(…) As mais antigas imagens da Virgem amamentando o seu Divino Filho datam do final da Idade Média, quando se observa na arte a humanização dos temas religiosos e a tendência cada vez maior de ver em Maria mais a Mãe do que a Rainha do Céu em majestade, como acontecera nos períodos românico e bizantino. Geralmente, na época do gótico tardio, as figuras da Mãe de Deus, dando de mamar a Jesus, enquadram-se nas cenas de descanso da fuga para o Egipto (…)
(…) A devoção à Virgem do Leite parece ter tido início na Palestina, onde Jesus Cristo passou a sua vida terrena até morrer numa cruz para salvar a humanidade. Perto de Belém, onde Ele nasceu, encontra-se uma gruta muito venerada pelo povo do lugar e visitada por inúmeros devotos e turistas, dentro da qual se pode ver uma pedra muito alva, já gasta de tanto ter sido raspada. As mães que estão amamentando usam o pó desta rocha misturado com água, para aumentar o seu leite ou para conservá-lo enquan to suas crianças necessitam de alimentação materna. Diz a tradição que, quando a Sagrada Família se retirou para o Egipto, parou junto à lapa para descansar, Maria aproveitou então para amamentar seu Divino Filho e um pouco de leite espirrou sobre a pedra, que se tornou toda branca. Daí a origem da devoção popular. (…)”
In Invocações da Virgem Maria
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