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Vida Selvagem na Antártida

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Vida Selvagem na Antártida
Vida Selvagem na Antártida

Os amantes da natureza e da vida selvagem terão muito com que se entreter durante a sua viagem à Antártida. Apesar de só ser visitável durante os meses que no Hemisfério Sul são os de Verão, ou seja, de Novembro a Março, é precisamente nessa época que a vida ocorre no continente gelado.

Existem quatro grandes grupos de animais que cativam os visitantes: as baleias, as focas, os pinguins e as aves. Dentro destes grupos existem espécies específicas, algumas mais comuns, outras, tão raras, que um avistamento será verdadeiramente inesquecível.

Focas-leopardo no gelo: podemos ver o comportamento das focas, umas deitadas a descansar, outras duas a patrulharem as águas e a controlarem o seu território tendo em conta alguns zodiacs que rodeavam o gelo. Gosto muito de animais e para mim estar em contacto próximo a criaturas como estas é realmente inesquecível.

Baleias

Baleias

Há algo de muito especial nestes enormes animais, existindo oito espécies nas águas da Antártida, entre as quais se destaca a Baleia-Azul (Balaenoptera musculus). Este enorme cetáceo é o maior mamífero do Planeta, chegando a pesar 130 toneladas. Depois de um período de elevado risco, durante o qual se chegou a temer a sua extinção, a população de baleias azuis está em franca recuperação. Mesmo assim as possibilidades de um avistamento durante uma viagem à Antártida são bastante reduzidas.

Mas entre Dezembro e Abril há boas hipóteses de observar outras espécies de baleias, especialmente em Fevereiro e Março. Quem sabe não consiga excelentes fotografias de Baleia-Jubarte  (Megaptera novaeangliae), que conseguem desafiar as leis da gravidade evoluindo com enormes saltos que as parecem suspender por instantes fora das águas. São animais que podem chegar aos 19 metros de comprimento e pesar 40 toneladas. Em algumas áreas, como em Wilhelmina Bay (também conhecida como “Whale-mina Bay”, existem elevadas probabilidades de ver baleias desta espécie.

A chamada Baleia-Comum (Balaenoptera physalus) é o segundo maior animal do mundo, a seguir à baleia-azul, chegando aos 27 metros de comprimento e às 50 toneladas de peso. Tem um corpo alongado, elegante, que lhe permite o título de nadador mais rápido das águas oceânicas.  

As Orcas (Orcinus orca), ou “baleias assassinas”, são ferozes predadores que trabalham em conjunto para caçar as suas presas que podem até ser baleias das espécies de menores dimensões.

Outras baleias que podem ser avistadas na Antártida: Baleia-franca-do-atlântico-norte (Balaena glacialis), Baleia-sei (Balaenoptera borealis), Baleia-minke-antártica (Balaenoptera bonaerensis).

Focas

Focas

As focas são sempre muito apreciadas pelos visitantes da Antártida, especialmente quando existem crias, muito curiosas e dadas a tropelias.

Encontram-se ali diversas espécies de focas, melhor observadas em Novembro, com especial destaque para o Elefante-Marinho-do-Sul (Mirounga leonina), o maior carnívoro da Antártida. Os machos desta espécie têm até seis metros de comprimento e podem pesar quatro toneladas.

Outra espécie de foca que habita a Antártida é o chamado Lobo-Marinho-Antártico (Arctocephalus gazella), um dos animais mais numerosos e de fácil avistamento. Contudo, ver a versão alourada deste animal será um feito, já que se trata de uma variante verdadeiramente rara.

Outras focas que vivem na Antártida:

  • Foca-Caranguejeira (Lobodon carcinophagus)
  • Foca-de-Weddell (Leptonychotes weddellii)
  • Foca-Leopardo (Hydrurga leptonyx)

Pinguins

Pinguins

Os pinguins são uma das estrelas principais da Antártida. Estes simpáticos animais, sempre tão fotogénicos, vivem em grandes colónias, especialmente activas em Fevereiro, quando os novos elementos precisam de ser alimentados constantemente pelos pais.

Existem por aqui dezassete espécies diferentes de pinguins, mas apenas duas deles, o Pinguim-de-Adélia (Pygoscelis adeliae) e o Pinguim-Imperador (Aptenodytes forsteri ) vivem verdadeiramente  na Antártida. Os outros habitam essencialmente na orla norte da península Antártida, onde as condições são menos hostis.

O Pinguim-de-Adélia vive em colónias com milhares de indivíduos, por vezes afastados do oceano, apesar da sua população ter regredido nas últimas décadas. Alimentam-se essencialmente de krill, sendo exímios nadadores e podendo mergulhar até 175 metros. Os seus ovos, geralmente dois, são depositados em meados de Novembro, eclodindo nos finais de Dezembro. Em meados de Fevereiro os jovens pinguins já têm uma relativa autonomia, experimentando os seus primeiros banhos de mar. A sua população está estimada em dois milhões e meio de indivíduos.

O Pinguim-Imperador é o maior pinguim do mundo e o animal mais emblemático da Antárctida. Apresenta áreas de coloração dourada na zona dos ouvidos e no topo do peito, que serve de transição entre o branco e o preto que são característicos dos pinguins. Esta espécie vive e reproduz-se mais a sul do que qualquer outra, sob condições climatéricas atrozes, que incluem temperaturas que chegam aos -50 graus e ventos na ordem dos 200 km/h. A fêmea coloca um ovo, em Maio, e parte, para se alimentar, deixando o macho a cuidar do futuro pinguim. O ovo é aquecido com as patas, mantendo-se setenta graus acima da temperatura ambiente. Em Agosto a fêmea regressa e assume os cuidados com o ovo, que eclode pouco depois. Em Dezembro e Janeiro os novos pinguins-imperador já vão ao mar, oferendo um espectáculo único aos poucos visitantes que têm sorte de os avistar.

Outras espécies de pinguins com alguma relevância na zona da Antártida:

  • Pinguim-de-Barbicha (Pygoscelis antarcticus)
  • Pinguim-Gentoo (Pygoscelis papua)
  • Pinguim-Rei (Aptenodytes patagonicus)
  • Pinguim-Macaroni ou Pinguim-de-Testa-Amarela (Eudyptes chrysolophus)
  • Pinguim-Saltador-da-Rocha ou Pinguim-de-Penacho-Amarelo (Eudyptes chrysocome)

Aves

Aves

Estão identificadas quarenta e seis espécies de aves na Antártida, com especial destaque para os pinguins, que pela sua importância serão descritos à parte.  Um significativo número destas espécies são migratórias, podendo ser encontradas em diversas partes do mundo.

De entre as aves os albatrozes serão as mais impressionantes que se poderão por aqui observar, existindo na Antártida três espécies distintas. A sua enorme envergadura, que chega a atingir três metros e meio com as asas abertas, permite-lhes voar até mil quilómetros num só dia. As colónias mais numerosas encontram-se nas Ilhas Falkland, chegando a reunir mais de dois milhões de indivíduos.

Skua (Catharacta skua ou Stercorarius antarcticus), ou gaivota-rapineira, de cor escura, é uma das aves mais típicas desta parte do mundo, com o seu bico fortíssimo que usa de forma firme para defender o seu território de qualquer potencial agressor. São predadores nada apreciados pelos pinguins, alimentando-se dos seus ovos e mesmo das crias, quando estas se encontram vulneráveis. As Skuas têm uma característica interessante: algumas destas aves migram do Antárctico para o Árctico, percorrendo uma distância de 14 mil quilómetros. Nidificam em covas que moldam nos musgos, vivendo em casais que normalmente cuidam de dois ovos.

Os Petréis são aves marinhas que chegam à Antártida para procriar, existindo por ali diversas em espécies.  O Petrel-Gigante (Macronectes giganteus) atinge uma envergadura de mais de dois metros, e só o corpo pode medir até 90 cm. São acastanhados, com a cabeça um pouco mais clara mas existem indivíduos de plumagem branca com manchas negras. São predominantemente necrófagos mas ocasionalmente, se a situação se proporcionar, podem matar um pinguim para dele se alimentar. Outro petrel comum na Antártida é o Petrel-das-Neves (Pagodroma nivea), totalmente branco, com um pequeno bico negro. Vivem nas escarpas, alimentando-se de peixe e apenas se reproduzem na Antártida. Alguns vivem aqui em permanência, enquanto outros migram para outras paragens a partir de Setembro.

Pomba-do-cabo (Daption capense), de cabeça preta e dorso branco pintalgado de negro, aproxima-se frequentemente dos navios, em grandes bandos. Nidificam entre as rochas, em locais inacessíveis e a sua alimentação é à base de peixe.

Pomba-Antártida (Chionis alba) habita junto às colónias de pinguins, alimentando-se das fezes destes amimais, muito ricas em proteínas.  É totalmente branca, com um bico peculiar, achatado, com uma terminação fina.

Corvo-Marinho-Imperial (Phalacrocorax atriceps). Tem um pescoço longo e um bico recurvado e fino. É quase todo negro e tem olhos azuis. Nidificam em pequenos montes que constroem com lama, fezes, e penas.

Andorinhas-do-mar-Árctica ou Gaivinas do Árctico (Sterna paradisaea). Estas aves nidificam no Árctico e migram para a Antártida. É branca, com a arte superior da cabeça preta, mede cerca de 40 cm e tem um bico fino e longo que usa para capturar peixes, que pesca depois de um voo picado. Curiosamente, podem pontualmente ser observadas em Portugal, durante as suas rotas migratórias.

As focas-leopardo da Antártida

Durante a viagem à Antártica tive a oportunidade de ver e estar muito perto de um animal fantástico mas assustador: a Foca Leopardo.

As focas leopardos são enormes, podendo as fémeas chegar a 4 metros e pesar 600 quilos. Praticamente todos os dias vi estas focas, geralmente a dormirem em cima de pedaços de gelo já que descansam entre as caçadas. O máximo de focas-leopardo que vi juntas foram 5, no Canal de Errera, junto à Danco Island (Ilha de Danco).

Foca-leopardo a morder o barco. Neste pequeno vídeo pode ver o quão perto esta foca chegou do meu barco, e na verdade, veio várias vezes tentar morder o fundo do zodiac.
FOCA LEOPARDO ANTÁRTIDA
FOCA LEOPARDO ANTÁRTIDA

A alimentação das focas leopardo varia da zona onde habitam, ou seja, algumas comem praticamente só pinguins, outras praticamente só krill (uma espécie de camarão), e outras uma variedade que inclui lulas e alguns peixes antárticos.

FOCA LEOPARDO ANTÁRTIDA

Os grandes predadores da Antártica são as Orcas (baleias assassinas) e as focas-leopardo. As focas leopardo servem também de comida às orcas. É assim a vida de predador…

A boca da foca peopardo abre a 180º

Estes são animais muito inesperados, pois o seu comportamento pode mudar bruscamente, e, saindo de um simples olhar curioso podem vir em direcção às pessoas e atacar. São também muito brincalhonas. Sei de uma história que me contaram no barco, em que uma foca-leopardo agarrou uma pessoa e fê-la descer 75 metros para dentro da água em poucos segundos. Morte rápida.


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