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Nesta entrevista temos a viajante Carla Mota.
Vamos conhecer um pouco mais sobre quem viaja e explora o mundo. Nesta rubrica “QUEM VIAJA“, proponho dar a descobrir várias pessoas que viajam o mundo à sua maneira, cada um de forma diferente. Tento criar assim, um perfil de viajante, rápido e fácil de ler sobre vários viajantes portugueses e brasileiros.
Carla Mota – Perfil de Viajante
- Nome completo: Carla Alexandra Fernandes Mota
- Profissão: Geógrafa/Professora de Geografia
- Data de nascimento: 1975
- Local de nascimento: São João da Madeira – Portugal
- Local de residência: Guimarães – Portugal
- Quantos países já visitou: Contar países é sempre um risco porque corremos o risco de também nas viagens “trabalhar” por objectivos na ânsia de conhecer o mundo todo. Na actualidade conheço 66 países (reconhecidos pela ONU) mais algumas regiões autónomas ou países não reconhecidos como é o caso de Hong Kong, Gibraltar, Palestina ou outras.
- Quantos continentes já visitou: 5
- Maneira preferida de viajar: comboio e a pé
- Comida preferida: Uhmm… sou um bom garfo. Gosto de provar tudo
- Cor preferida: Não tenho… gosto de cores vivas
- Banda preferida: The Doors
- Fruta preferida: Frutos vermelhos
- Livro de viagem preferido: Os meus diários de bordo
- Já se apaixonou por alguém em viagem? Não
- Você vive para viajar ou viaja para viver? Esta fez-me pensar… daqui a uns anos dou a resposta. Preciso de mais tempo.
- Próximas viagens: Rota da Seda (Uzbequistão, Afeganistão, Quirguistão)
- Países onde não voltaria: Voltaria a todos
- Países onde voltaria: Voltaria a todos onde já estive mas especialmente à Índia, China e Argentina
- Países com melhor comida: Portugal, Malásia, Argentina
- Qual o país com mulheres / homens mais bonitos: As mulheres russas, não tenho dúvidas. Os homens talvez os chilenos.
- Hotel preferido: Tobacco Caye Paradise, no Belize
- Site / blog: http://viajarentreviagens.blogspot.com
Carla Mota – Rubrica: Quem viaja – Falar com o viajante
Fotografia Viagem de Carla Mota
Qual é a sua relação com as viagens? O que pretende encontrar enquanto está a conhecer outros países?
É quem eu sou. Viajar é uma das coisas mais importantes da minha vida. Trabalho para conseguir ter independência financeira para fazer de mim aquilo que sou: viajante. Sinto uma sede (incontrolável) de conhecer o mundo, as culturas, as pessoas, os diferentes modos de vida, as paisagens. Sempre que estou parada, tenho uma ânsia enorme por voltar a partir. Uma vontade constante de “pôr o pé na estrada”. É um vício, um vício saudável.
Fiquei mais tolerante. Essa é a principal diferença. Olho para as notícias mundiais com outros olhos. Sinto todos os dias que as minhas viagens contribuíram para eu ser uma pessoa mais culta e mais rica. É uma riqueza imaterial que ninguém jamais me poderá tirar. O que pretendo encontrar? Não sei bem, mas vou continuar a procurar.
Muitos viajantes ficam fortemente marcados por algumas viagens, certas pessoas, culturas diferentes e experiências especiais. Qual a viagem mais marcante para si e conte o porquê:
A Índia, pela pressão demográfica constante, pelos assombros aos sentidos, pela constante adrenalina. Viajar na Índia é uma lição de vida. É um misto de sentimentos: agora odeio, agora adoro. Aprendemos todos os dias, a todas as horas. Nunca sabemos o que vai acontecer no momento seguinte. Não sabemos se daqui a 15 minutos vamos rir ou chorar. O país toma conta de nós. Eu diria que a Índia não é um país, é outro planeta.
Não poderia deixar aqui de referir também o Irão. É um país que nos preenche os sentidos. É tudo novo e é uma aprendizagem constante. Tem um património cultural e religioso inigualável. O facto de estar fechado ao ocidente é uma vantagem (para os viajantes, claro) porque evita os efeitos negativos do mundo globalizado. Respira-se cultura. A ideia “vendida” pelos mídia faz-nos ver o país com olhos errados. É o povo mais acolhedor e simpático que já conheci. É a prova evidente de que os países não são os governos, mas sim as pessoas.
Algumas pessoas precisam de ser incentivadas a sair de casa, a perder o medo de viajar. Que conselhos pode dar a alguém que quer começar a viajar mas não sabe como, quando e porquê?
Inspirar-se pesquisando. Escolher um local que lhe faça vibrar. Comprar um bilhete de avião e partir. O mundo é bonito demais para ser visto apenas nos livros ou na televisão.
Já viveu num país diferente mais do que seis meses? Se sim, onde foi e o que esteve a fazer. Diga-me também, o que retirou dessa sua experiência de viver no estrangeiro:
Vivi um ano na Argentina. Sou geógrafa e estou a fazer investigação em Geomorfologia Glaciar no Aconcágua. Basicamente, o que faço é percorrer montanhas estudando os glaciares e as paisagens glaciadas. No ano em que estive na Argentina percorri os Andes e a Patagónia, quer chilena, quer Argentina. Foi uma das melhores experiências da minha vida.
Escolher uma paisagem preferida pode ser muito difícil. Mas tente escolher uma paisagem que ficou para sempre na memória. O que sentiu naquela altura?
Todos os países me marcaram à sua maneira, deixando imagens gravadas na minha memória. No entanto há um que ocupa o meu coração – Argentina. São as paisagens naturais. A montanha, os glaciares, as planícies a perder de vista. É a natureza no seu melhor. As quedas de água do Iguaçu, a Terra do Fogo e a Patagónia. O meu queixo caiu quando vi o Glaciar Viedma ou o Perito Moreno. O meu coração parou quando me vi frente a frente com as quedas de água do Iguaçu. É para isto que viajo, para ter sensações únicas. A Argentina é, com certeza, um dos países mais bonitos do mundo.