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Quer saber como funciona o Couchsurfing?
Nesta página partilho consigo conselhos práticos para viajar sem pagar alojamento, utilizando a famosa plataforma Couchsurfing. Vou partilhar consigo regras de utilização, como achar o anfitrião certo, como fazer pedidos que resultam, e algumas dicas de segurança.
Eu tenho conta no Couchsurfing desde 2005, e pessoalmente já fiz couchsurfing em países como a Ucrânia, Guiana Francesa, Omã e Uganda por exemplo. Também já recebi viajantes em minha casa de países como Itália, Estados Unidos, Japão e Brasil.
Imagine que você tem uma viagem de dois meses, e que, em cada semana você consegue pelo menos dois lugares para dormir a partir deste site. Serão quatro noites por semana que você poupará dinheiro.
A minha página no Couchsurfing é: http://www.couchsurfing.org/people/joaoleitao/.
Poupa dinheiro? SIM! Mas o Couchsurfing é mais do que isso, vamos ver!
O que é o Couchsurfing
Couchsurfing é uma comunidade de pessoas interessadas em viagens, baseada online, na qual os membros podem procurar e oferecer alojamento baseado nos princípios fundamentais da hospitalidade.
Um dos pilares da comunidade é a ausência de interesses financeiros. As pessoas simplesmente deixam forasteiros ficar nas suas casas pelo gosto de ajudar ou pelo interesse em conhecer viajantes e ouvir as suas histórias. Outras, procuram fazem amigos ou quebrar a monotonia das suas vidas.
Por outro lado, quem viaja, pode encontrar um abrigo, gratuito, e que pode trazer muitas outras vantagens
Não é Perigoso?
Não mais do que viver, de forma geral. Claro que numa comunidade vasta e de cobertura mundial existem algumas pessoas com intenções menos positivas. Mas o website inclui um sistema de comentários que regista o que as pessoas que interagiram anteriormente pensam umas das outras. Portanto, se estiver interessado no conceito mas tiver um pouco de receio, a solução é simples: limite-se, pelo menos no início, a interagir com membros com sólida experiência certificada com muitos testemunhos.
O primeiro contacto e comunicação por escrito também lhe dirão algo sobre a personalidade da pessoa que está do outro lado. Lembre-se: não é obrigado a oferecer a sua casa a ninguém e muito menos a ficar com uma pessoa em que o seu instinto não confia. O que não deverá nunca fazer é dizer que sim e depois, à última da hora, voltar com a palavra atrás. Isto se não tiver razões sólidas para o fazer, claro.
E como é que tudo começou?
Na realidade o Couchsurfing não foi a primeira experiência deste género. Um outro projecto, nascido na Europa e chamado Hospitality Club é um pouco mais antigo, mas com o tempo foi perdendo popularidade e hoje, apesar de existir, encontra-se obsoleto e quase não tem movimento.
Já o Couchsurfing veio para ficar. E a primeira semente foi lançada em 1999 quando um informático norte-americano, Case Fintou, resolveu hacker uma base de dados universitária na Islândia para enviar um e-mail colectivo a todos os estudantes pedindo um lugar para ficar durante a sua visita ao país. Recebeu uma imensa resposta positiva e no regresso aos EUA lembrou-se de formar o Couchsurfing.
Contudo, foi preciso esperar cinco anos até a ideia tomar forma. O website foi lançado em 2004 mas apesar de um início promissor uma desgraça aguardava ao virar da esquina do tempo: em Junho de 2006 uma série de factores conduziram à destruição quase total da base de dados. O fundador anunciou o fim do sonho, mas os utilizadores não se derem por vencidos. Houve uma mobilização de meios e a comunidade conseguiu recuperar os dados perdidos.
Em 2011 deu-se uma mudança importante. O Couchsurfing deixou de ser uma organização sem fins lucrativos e anunciou a conversão para uma empresa comercial. Muitos dos membros mais antigos e mais activos deixaram a comunidade nessa altura mas a verdade é que o projecto tem aguentado o impacto e continua cheio de saúde.
Vídeo de como fazer Couchsurfing
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» Veja a página Couchsurfing, Como Funciona E Dicas De Segurança do blog Apure Guria!
Poupar Dinheiro e… não só!
Como já percebeu, com o Couchsurfing uma boa parte do orçamento necessário para viajar é eliminada. Acabaram-se as despesas com alojamento. Mas para a maioria dos Couchsurfing veteranos a poupança é bem-vinda mas nem é considerada a maior das vantagens do sistema.
A experiência de viagem obtida através do contacto com pessoas locais é geralmente apontada como o grande atractivo do Couchsurfing. Na realidade, apesar de existirem algumas excepções, as pessoas não gostam nada que os viajantes simplesmente usem a sua casa como um pouso, como quem usufrui de um hotel gratuito. Quase sempre é esperado um certo grau de interacção, variando de caso para caso. Não se intimide, muitas vezes o que é esperado do convidado encontra-se bem descrito no perfil de membro. Senão, acaba por funcionar por intuição. Dá para sentir o que é esperado de nós e logo se vê se a ideia é combinar programas em comum ou deixar o anfitrião em paz na sua vida.
A verdade é que ficando com pessoas locais existe o potencial para se ganhar acesso a experiências únicas. De repente, está-se num casamento tradicional, ou numa tasca de aldeia no meio das montanhas. Coisas que simplesmente não estariam ao alcance de quem viaja de forma tradicional, pernoitando em estabelecimentos de hotelaria.
E há por todo o mundo…?
Nem por isso. Há países onde a presença do Couchsurfing é muito reduzida. Isto por acontecer por diversas razões. Na maioria dos casos, tratam-se de nações com problemas económicos onde os jovens têm dificuldade em sair de casa dos pais e encontrar o seu próprio lar. Noutros lugares, simplesmente é ilegal, como é o caso de Cuba, do Irão (onde mesmo assim muitos membros se vão mantendo activos) ou de Myanmar. Pode dar-se o caso de simplesmente não ter existido divulgação do Couchsurfing, como sucede em pequenos países com pouco contacto com viajantes. Por fim, mais raro, pode ser uma questão cultural. E digo mais raro porque a hospitalidade é um princípio ancestral raramente contrariado por culturas locais.
Em termos práticos, se fizer as coisas bem feitas, terá alojamento gratuito garantido em quase toda a Europa (OK, na Albânia e Montenegro, por exemplo, é um pouco complicado), na América do Norte, nas principais cidades da América Latina e da Ásia e mesmo em África. Mas se pensa partir para uma viagem de travessia da América do Sul, não conte à partida com um “couch” nas pequenas cidades onde certamente precisará de pernoitar.
Há outra situação que pode complicar as coisas: as cidades muito procuradas pelos turistas, onde rapidamente os potenciais anfitriões se saturam de receber pedidos, que podem ser às centenas por semana. Cidades como Praga, Paris, Londres, Roma.
Dicas para Obter Hospitalidade no Couchsurfing
Antes de mais, convença-se que encontrar alguém que aceite o seu pedido de hospitalidade não é garantido nem é um direito seu. Com a experiência vai-se tornando mais bem sucedido. Não só as referências reunidas ajudam como a sua compreensão do sistema e da regras próprias de comportamento no seio da comunidade se vai fortalecendo. Mas para já ficam aqui algumas dicas para o seu sucesso.
1- Personalize o seu Pedido
Talvez a razão mais consensual para a recusa de um pedido de hospitalidade seja a falta de personalização, as mensagens que são claramente uma cópia enviada em massa a uma série de potenciais anfitriões.
Se dirigir o pedido de uma forma personalizada, que faça a pessoa do lado de lá sentir que está a ser contactada de forma humana por um companheiro humano, e não como um elemento sem nome a receber uma distribuição automática de correio electrónico, as suas probabilidades aumentam.
2- Leia com Atenção os Perfis
É importante ler os perfis dos membros com que pensa interagir. Mais do que importante, é vital. Em primeiro lugar, para evitar surpresas desagradáveis. O Couchsurfing é uma comunidade muito flexível, onde se encontra muita coisa e gente muito diferente. Quase tudo é permitido, desde que devidamente explicado nos perfis. Por exemplo, sabia que um bem conhecido membro, italiano, só aceita convidados que aceitem confrontá-lo num dojo de judo? Agora imagine que lhe pede hospitalidade sem ler com atenção as condições…
Por outro lado, é desnecessário e de mau tom estar a pedir alojamento a uma pessoa que por uma razão ou por outra não lhe pode ou não lhe quer dar. Por exemplo, um membro que só se sinta confortável oferecendo um lugar para dormir para duas noites no máximo… não faz sentido ir-lhe pedir para ficar as quatro noites de que precisa na sua cidade.
Além disso, ler os perfis ajuda a escrever aquele super-pedido bem personalizado que é meio caminho andado para receber a sua resposta positiva.
3- Construa um Perfil bem Completo
Quando pede a alguém se pode ficar em sua casa, é natural que essa pessoa vá espreitar o candidato a hóspede. E em termos de Couchsurfing isso significa ver o seu perfil. Se criou um registo de membro mas não se preocupou em trabalhar o seu perfil, falando de si, preenchendo os campos do formulário e enviando fotografias suas, da sua casa, do seu mundo, não terá muito para mostrar. E assim sendo há boas probabilidades do seu desejado anfitrião recusar logo o pedido.
4- Não é só pedir… há que dar
Muitos novos membros focam-se nas vantagens de viajar com o Couchsurfing mas esquecem-se de algo importante: para que haja pessoas que possam viajar desta forma, é necessário que existam os que oferecem o seu espaço. E se não é obrigatório, para além de moralmente recomendado, pode ajudar muito na hora de solicitar hospitalidade.
Se por alguma razão incontornável não pode oferecer o seu “couch” será melhor explicar no seu perfil os motivos. Pode ser que viva com a sua família e os outros não aceitem a ideia ou pode estar numa residência académica onde não são permitidos convidados. Qualquer coisa, mas dê uma razão.
5- Não seja Exigente
Se está à procura de um anfitrião numa cidade com muitos visitantes, deverá compreender que os perfis mais apetecíveis recebem centenas de pedidos. Sugiro que nesses casos não seja muito exigente e baixo a sua fasquia. Se calhar não poderá ficar bem no centro. Talvez tenha que ser alojado por um dos membros menos experientes da comunidade local. E é bem possível que não possa ter um quarto só para si.
Como Escolher o Anfitrião Ideal
1- Localização
Procure na parte do perfil que fala das condições de alojamento. Geralmente é aí que as pessoas descrevem o que têm para oferecer e isso inclui a localização da casa. A localização é importante. Se vai visitar uma cidade, a última coisa que quer é passar uma boa parte do dia em transportes públicos ou, pior ainda, sem acesso a eles.
2- Experiência
Especialmente quando o próprio hóspede está a dar os primeiros passos no Couchsurfing, é bom que o anfitrião tenha experiência nestas coisas da hospitalidade gratuita. Não se esqueça que a experiência se encontra reflectida no “feedback” que o anfitrião recebeu dos anteriores couchsurfers. Leia com atenção os comentários anteriores e tente perceber se se trata de uma pessoa com potencial para um bom entendimento.
3- Condições
Uma das características do Couchsurfing é a multiplicidade. Na comunidade encontram-se pessoas com todo o tipo de abordagens ao conceito e isso reflecte-se nas condições oferecidas aos hóspedes. Há quem possa oferecer apenas um pedaço de chão mas também existem quem coloque ao dispor dos viajantes um apartamento privado. Veja com atenção o que pode esperar do anfitrião. A informação encontra-se na descrição do seu lar mas também nos comentários acumulados.
Algumas pessoas entregam logo a chave do apartamento ao convidado, que pode entrar e sair quando desejar, descansar, ficar um dia em casa a recuperar das agruras da viagem… outros, não se sentem confortáveis deixando um estranho no seu lar, e esperam que todos os dias pela manhã o hóspede saia com eles e só regresse depois do dia de trabalho. Tenha todas estas coisas em consideração.
4- Perfil
Mais uma vez, leia o perfil da pessoa a quem vai pedir hospitalidade. Tente encontrar alguém com gostos semelhantes aos seus, com hobbies comuns, alguém com que sinta afinidades, com quem pense que se vai dar bem. Às vezes, raramente, tudo isto corre mal e apesar de teoricamente ter encontrar o anfitrião perfeito para si, ao chegar falta aquela química e a experiência não é tão positivas. Mas é apenas um pequeno risco que corre.