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A primeira questão que os brasileiros têm quando pensam em visitar a Europa é:
“Eu vou precisar de visto?“
Depende.
Espaço Schengen
Se a sua viagem se limitar aos países que constituem o Espaço Schengen (por ordem alfabética, Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Islândia, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Noruega, Países Baixos, Polónia, Portugal, República Checa, Suécia e Suiça), não precisa de nada mais do que o seu passaporte com uma validade superior a três meses após a data de fim de viagem declarada. Com esse documento pode permanecer no Espaço Schengen por três meses.
Mas apesar de não ser necessário obter um visto há algumas outras exigências para penetrar no Espaço Schengen.
Vai precisar de um seguro de saúde com cobertura para assistência médica no caso de acidente ou doença súbita de pelo menos 30 mil Euros. Se ainda não adquiriu a sua viagem para a Europa confira as condições dos seus cartões de crédito. É possível que um seguro deste tipo seja oferecido se comprar os voos com um cartão Visa, American Express ou Master Card, e nesse caso será menos uma despesa a ter. Isto apesar de ser sempre boa ideia obter um seguro de viagem com coberturas extensíveis, garantido reembolso em caso de roubo e outras garantias que sempre podem dar jeito a um viajante.
Outro documento necessário para entrar no Espaço Schengen será a sua passagem aérea ou marítima de regresso ou de seguimento para outra parte do mundo.
Apesar de nem sempre se verificar a situação, o oficial de emigração pode pedir para ver suas reservas de alojamento. Convém ter à mão. Esta é uma medida um pouco sem jeito. Todos sabemos que reservas podem ser canceladas e que esta regra não significa nada e apenas serve para dar aborrecimento. Por isso, não se preocupe, faça reservas onde pensa ficar através do Booking.com depois se for caso disso, anule-as. Mas verifique com atenção as condições das suas reservas, pois em alguns casos não são aceites cancelamentos e existem sempre datas limites, apesar de por vezes ser mesmo só na véspera da chegada.
Se planeia ficar com amigo ou familiar residente na Europa, teoricamente é necessário que essa pessoa escreva uma carta convite para si.
Mas não deite tudo a perder: se seu contacto não residir legalmente na Europa não vai dar, e estará com um problema nas mãos. Considere que mesmo que fique lá em casa, pode fazer as tais reservas e depois anular.
Há um último documento que pode ser pedido, que é algo que prove sua autonomia financeira e capacidade de subsistir na Europa pelo período de três meses conferido por sua autorização de entrada. O valor pode variar conforme o país onde está a entrar, mas pelo menos em Portugal é de 65 Euros por dia. Um pouco exagerado, pois é possível visitar a Europa com bem menos que isso. Pode exibir seu cash, mostrar extracto de conta bancária ou de cartão de crédito.
Não esqueça que qualquer brasileiro com menos de 18 anos, viajando na companhia de um dos pais, sozinho ou com um outro adulto, deve poder apresentar na saída do país uma autorização de uma autorização de viagem em conformidade com a Resolução n° 131/2011 do Conselho Nacional de Justiça. Veja também a página sobre como fazer um Visto de Turismo para Portugal.
Outros Países Europeus
Os seguintes países europeus, que não estão enquadrados no Espaço Schengen, também não exigem visto de entrada aos cidadãos brasileiros, podendo no entanto ser necessária a documentação preparada para a fronteira Schengen, conforme explicada no ponto anterior:
Bósnia-Herzegovina, Albânia, Montenegro, Macedónia, Sérvia, Croácia, Rússia e Bielorrússia (aqui o brasileiro está em vantagem sobre o europeu, que necessita de um processo complicado de aquisição de visto), Bulgária, Roménia, Ucrânia, Reino Unido, Irlanda, Islândia.
NOTA: Para a Moldávia é que será necessário um visto, apesar de a carta de convite ser dispensada.
Conselhos para Passar fronteiras
O meu primeiro conselho para interagir com os oficiais de emigração de qualquer país é não ser demasiado nada… nem demasiado simpático, nem demasiado sisudo, nem demasiado risonho.
A melhor abordagem é ser você mesmo. Trate o oficial de respiração com respeito e seriedade. Não adianta jogar charme. Eles fazem o seu trabalho todos os dias e estão habituados a tudo isso.
Responda às questões de forma exacta. Evite falar de mais, é melhor não contar toda a história da sua vida para esclarecer uma dúvida simples do oficial de emigração e sobretudo nunca mas nunca minta!
Uma dica adicional: organize bem todos os papéis que possam ser necessários e coloque-os numa pasta para que os possa apresentar quando forem pedidos.
Será bom que possa falar inglês, excepto, claro, se entrar em Portugal. Por lei os serviços de emigração são obrigados a encontrar um tradutor de português para a língua local, mas por essa situação você não vai querer passar! Significaria que já estaria em apuros.
As perguntas mais prováveis relacionam-se com os documentos necessários, que poderão e deverão pedir para ver. Vão-lhe portanto perguntar quantos dias pensa ficar, onde se vai hospedar e se tem seguro de saúde e meios para viver na Europa durante a sua visita. Podem também fazer-lhe perguntas mais pessoais, como por exemplo, qual a sua profissão (sem mentir, será melhor que a sua profissão seja comum, moderna e inofensiva… o pessoal dos computadores tem uma boa profissão para passar fronteiras).
Se o oficial de emigração suspeitar vagamente das suas intenções ou se estiver a ser especialmente rigoroso naquele dia, pode tentar apanhá-lo em falso. Vamos imaginar que lhe pergunta que cidades planeia visitar, e você responde, por exemplo, Lisboa. A seguir ele pergunta se tem ideia do que visitar nessa cidade, para ver se você de facto é um turista… seria estranho e apelaria a mais questões se você respondesse que não sabia ou, pior ainda, falasse numa atracão de outra cidade.
Outra pergunta típica: se você conhece alguém no país ou mesmo na Europa. Diga que não. Eu sei, é uma mentirinha, mas é melhor assim neste caso. Um “sim” vai causar pressão sobre você. A não ser, claro, que tenha uma carta-convite de alguém. Óbvio.
Importante: não esqueça de tirar óculos escuros e qualquer chapéu que tiver. Procure as instruções no local e cumpra antes que o oficial de emigração tenha que lhas recordar. E nem pensar em ter celular tocando na hora da “entrevista”.
Sugestão: para um caso de emergência, procure levar consigo os contactos da embaixada ou consulado brasileiro do país ou cidade onde vai entrar na Europa. De repente há alguma situação com a polícia de emigração e é melhor poder contactar logo as autoridades brasileiras.
Melhores Países para Entrar na Europa
Quais os Melhores Países para Entrar na Europa?
Há pessoas que vão dizer que não há melhores nem piores países para iniciar uma viagem pela Europa. Está certo, se toda a sua documentação estiver em ordem e se a sua viagem for legítima, ou seja, se não tiver nada a esconder, você entra. É quase impossível ser de outra forma. Mas claro que existem países onde há mais rigor por parte dos oficiais de emigração, que têm instruções para colocar mais perguntas, põem mais pressão sobre o viajante, demoram mais tempo até carimbar o passaporte.
Talvez a República da Irlanda seja dos mais amigáveis. Holanda também. Em Portugal, apesar de alguma pressão causada pela emigração clandestina, os turistas não costuma ter problemas, talvez devido à língua comum. Pelo lado oposto, Espanha e Reino Unido costumam ter políticas bastante rigorosas e examinam com atenção qualquer viajante entrando com passaporte de fora da Europa.
Viagens de Longa Duração
Se gostaria de viajar durante mais de três meses pela Europa, isso não é impossível, mas terá que obter um visto especial para o Espaço Schengen. Deverá informar-se junto da embaixada do seu país de entrada das condições e documentação necessária.
À partida conte com as seguintes exigências adicionais: documentos que comprovem o objectivo da estadia alargada, atestado médico e registo criminal. Note que estes documentos terão que ser traduzidos. Pergunte na embaixada quais os tradutores certificados para o trabalho. Note contudo que por cada período de seis meses, poderá apenas viajar fora do país emissor do visto durante três meses.
A Pesquisa e o Planeamento
Visitar a Europa não é diferente de viajar por outro local.
Pode começar por investir num guia de viagens genérico, que cubra todo o continente para decidir depois qual o roteiro mais adequado às suas preferências pessoais e ao seu estilo de viagem.
Algumas pessoas estão interessadas em visitar apenas os locais clássicos: Londres, Paris, Roma, Amesterdão, talvez Viena, Budapeste e Praga. Outras procuram o desconhecido, a Europa profunda, mais longe dos circuitos turísticos, interessando-se por países como a Sérvia ou a Ucrânia, ou explorando regiões de beleza natural.
Para investigar na Internet, poderá consultar os websites de turismo oficial dos países que pretende visitar e usar com fartura o Wikitravel. Uma boa técnica de pesquisa é usar o Google para encontrar viajantes com blogues que tenham passado pelos locais que fazem parte do seu plano.
Voos para a Europa
A primeira coisa que vai precisar não é documentação, apesar dos mais prudentes poderem preferir tratar primeiro desses aspectos. O que vai querer é voar para a Europa ou encontrar uma passagem de navio. Isto é, se não estiver já vivendo no Velho Mundo (Europa).
Portugal pode ser uma boa porta de entrada, não só porque existe um bom número de rotas providenciadas pela companhia aérea portuguesa TAP, como a língua comum pode ajudar à climatização cultural e a relaxar um pouco antes de se aventurar por outras nações europeias.
Veja também a página com a lista completa de companhias aéreas com voos low-cost.
Os bilhetes mais económicos obtêm-se alguns meses antes da viagem, algo como nove meses será talvez o ideal. Esteja preparado para gastar algo como R$ 2600 para os voos de ida e de retorno, mas poderá ser ainda mais, se desejar chegar numa ponta do continente e regressar ao Brasil de outro aeroporto, evitando ter que voltar a Portugal.
Poderá procurar os voos mais convenientes usando um bom buscador como o Skyscanner ou o Rumbo, onde será até possível procurar voos de aeroportos diferentes e, claro, para destinos diferentes na Europa.
Existe a possibilidade de encontrar grandes oportunidades a preços fabulosos, mas nesse caso não poderá preparar a viagem com antecedência. Deverá manter um olho numa série de fontes de informação, deixando o calendário aberto para se lançar nas datas que surgirem disponíveis, mas correndo o risco de nunca chegar a aparecer nenhuma oportunidade adequada ao seu caso.
Para monitorizar este tipo de promoções pode consultar Secret Flying, Flynous ou Holiday Pirates. No Brasil também tem informação deste tipo, por exemplo no Voe Simples.
De Navio também pode…
Se tem pavor de voar, mas pavor mesmo, daquele que não deixa entrar em avião, anime-se porque pode chegar à Europa de navio. Existem duas formas.
A primeira é de navio de cruzeiro. Normalmente os cruzeiros fazem-se numa região relativamente pequena, de forma a que o navio toque em diversos portos, mostrando assim vários locais aos passageiros. Mas isso são as férias clássicas de cruzeiro. Sucede que muitas das principais companhias de cruzeiros necessitam por vezes de movimentar seus navios de uma região para outra e é aí que se torna económico para quem deseja seguir para a Europa sem voar.
Quando as operadoras movem um navio da América Latina para a Europa, as passagens são quase sempre colocadas no mercado a valores promocionais. Afinal não existe muito pessoal que acha o máximo passar uma série de dias navegando e vendo apenas o mar em redor.
Por vezes estas travessias custam tão pouco como R$ 700, mas isso nos melhores casos. E muitas delas chegam a Lisboa, sempre um ponto conveniente para iniciar uma viagem pela Europa. Pode conferir aqui para ter uma ideia melhor do que estamos a falar.
Outra opção, bem mais dispendiosa mas dispensando a busca de travessias promocionais é cruzar o Atlântico num navio de carga. Não há muita gente a usar esta forma. Um petroleiro ou um porta-contentores não são navios adequados ao transporte de passageiros e está mesmo limitados a um número reduzido caso não levem a bordo um médico (e nenhum leva). Por isso este modo é especial. Pode até ser que seja o único passageiro a bordo. Os preços são elevados, mas a experiência é única. Conte com uns R$ 11000 para atravessar apenas para um lado. Este valor inclui tudo o que vai necessitar excepto as despesas de bolso, como a cerveja e o café tomados na messe. A alimentação é servida na sala de refeições dos oficiais e o passageiro tem acesso à ponte de comando.
Links úteis
Para encontrar passagens neste tipo de navios confira os seguintes websites:
- http://cargoshipvoyages.com
- http://www.cargoshipcruises.nl
- http://www.freighterexpeditions.com.au
- http://www.langsamreisen.de
Transportes na Europa
Ao contrário do que sucede no Brasil, a Europa está coberta por uma rede de conexões aéreas de baixo custo. «
Muito baixo mesmo. Alguns voos podem ser comprados por cerca de 15 Euros! Quem permite estas maravilhas são as companhias de low cost, especialmente a Ryanair, a Easyjet e a Wizzair. «
Claro que alguns dos confortos as que os passageiros estão habituados não se encontram presentes nestes voos, ou se estão têm um custo adicional: por exemplo, os lugares no avião só podem ser escolhidos mediante pagamento, a bagagem é limitada e qualquer coisa que vá para o porão de carga será paga, a comida e a bebida consumida terão que ser adquiridos na hora.
Os comboios (trens) podem ser uma boa escolha, mas em alguns países as redes ferroviárias estão pouco desenvolvidas e noutros os comboios são bem dispendiosos (na Suíça pode chegar a 1 Eur por quilómetro viajado!). Se for apaixonado por este meio de transporte poderá considerar um bilhete Eurail, com viagens quase ilimitadas na rede ferroviária europeia.
Um website essencial para recolher informação sobre viagens ferroviárias na Europa (e não só) é o Seat 61. Para adquirir bilhetes poderá fazê-lo nos websites de cada país, mas o das ferrovias alemãs BAHN vende para alguns outros países. Outra hipótese é o Loco2.
Na Europa Ocidental comboios custam bastante dinheiro mas são rápidos e confortáveis. Na Europa de Leste, são muito económicos, mas os sistemas são obsoletos e os percursos são bem mais lentos do que se realizados por autocarro (ónibus).
Por falar em autocarros… uma boa forma de pesquisar esta opção é começar pela Eurolines, a principal companhia europeia do género. Mas, claro, há sempre outras opções e em alguns países nem existem operações da empresa.
Em alguns países é muito comum outra forma de transporte: a partilha de automóveis particulares. Neste sistema alguém que vai viajar sozinho coloca à disposição lugares no seu carro, cobrando um valor à sua escolha, geralmente apenas para partilhar o custo do combustível. É excelente para viajantes de orçamento mais apertado que queiram visitar países onde os transportes são de custo elevado. Em França é imbatível. A rede mais popular, que também existe no Brasil, é a BlaBla Car.
Seguro de Viagem
Como disse, é obrigatório um seguro de viagem. O mínimo de cobertura exigido foi indicado acima, mas muitos viajantes preferem obter um seguro mais alargado. Nessa matéria, verá que um dos seguros a nível mundial com mais solidez é o da empresa World Nomads, mas se preferir tratar com uma empresa no Brasil pode pedir na Real Seguros os detalhes para o seguro Assist Card.
Sobre Dinheiro
Felizmente que existe o Euro. A moeda comum facilitou e muito a vida dos brasileiros que pretendem viajar pela Europa, apesar de não estar em circulação em alguns dos países europeus.
Países usando o Euro: Áustria, Bélgica, Chipre, Estónia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Holanda, Eslováquia, Eslovénia, Espanha e Portugal.
Assim, pode visitar esses países sem se preocupar com câmbios. E que complicado é mudar de país e ter que mudar de moeda. Quanto dinheiro se perde em comissões e diferenças cambiais de fronteira para fronteira. Claro que se for para outros países europeus terá mesmo que lidar com outras moedas, e ainda são bastantes.
Poderá trazer cash consigo, mas será melhor que sejam Dólares, porque Reais do Brasil poderão ser meio complicados de trocar na Europa. Pode até trazer logo alguns Euros. Mas pode também usar seu cartão nos Caixas Automáticos da Europa para levantar o dinheiro que for necessário. Em muitos dos países, como Portugal, nem existem taxas adicionais pela utilização do Caixa Automático, apenas terá que pagar as taxas usuais do seu próprio banco.
ATENÇÃO: Apesar da criminalidade nas grandes cidades europeias ser bem mais baixa do que nas grandes cidades brasileiras, você será um turista, e um turista é sempre um alvo para bandido. Em algumas cidades o número de pessoal que bate as carteiras dos turistas é tão elevado que quase se fica com a ideia que não será possível escapar. É o caso de Roma, e sobretudo de Barcelona. Por isso quando andar na rua e especialmente nos transportes públicos, leve consigo uma quantidade pequena de dinheiro e, claro, colocada numa parte de difícil acesso. Claro que nenhum de nós é burro, o problema é que só pensamos nestas coisas de vez em quando, enquanto para bandido, encontrar seu dinheiro e extraí-lo é uma profissão.