Índice
Nesta entrevista temos o viajante Jaime Alves.
Vamos conhecer um pouco mais sobre quem viaja e explora o mundo. Nesta rubrica “QUEM VIAJA“, proponho dar a descobrir várias pessoas que viajam o mundo à sua maneira, cada um de forma diferente. Tento criar assim, um perfil de viajante, rápido e fácil de ler sobre vários viajantes portugueses e brasileiros.
Jaime Alves – Perfil de Viajante
- Nome completo: Jaime Alves
- Profissão: Fotógrafo, desenhador gráfico e artista visual
- Data de nascimento: 1955
- Local de nascimento: Gorongosa, Moçambique
- Local de residência: Concordia – Argentina
- Quantos países já visitou: 20
- Quantos continentes já visitou: 3
- Maneira preferida de viajar: Já viajei de todas as formas… embora não se possa considerar que andar de avião de um lado para o outro seja viajar. De bicicleta e a pé apenas em Portugal (Costa Vicentina, Alentejo e Algarve).
- Comida preferida: Caril de caranguejo
- Cor preferida: Depende do lugar, das circunstâncias, etc. Azul talvez seja a resposta mais directa.
- Banda preferida: Pink Floyd
- Fruta preferida: Manga
- Livro de viagem preferido: Muito difícil, uma vez que já li tantos livros de viagem maravilhosos. Na Patagónia, de Bruce Chatwin talvez sirva como referência…
- Já se apaixonou por alguém em viagem? Simmm… por isso vim parar à Argentina sem estar este país incluído no meu imaginário de viajante…
- Você vive para viajar ou viaja para viver? As duas situações são verdadeiras…
- Próximas viagens: Austrália… Austrália… e Austrália!!!
- Países onde não voltaria: Nunca se deve dizer desta água não beberei… mas há já mais de 30 anos que tenho mantido a “promessa” de não regressar a Inglaterra. Mas hoje estou menos radical…
- Países onde voltaria: Voltaria a Cabo Verde com muito gosto pois ali encontrei as pessoas mais lindas do mundo; voltaria a Moçambique (minha terra) para fazer uma extensa reportagem fotográfica do Maputo ao Rovuma; e voltarei sempre a Portugal por razões óbvias…
- Países com melhor comida: Portugal… Portugal… e Portugal!! Estou a falar a sério… é difícil encontrarmos uma gastronomia tão saborosa e tão diversificada como a nossa (entradas, pratos de peixe, pratos de carne, sopas e sobremesas/doçaria). Mas habitualmente, em viagem, não faço grandes exigências gastronómicas e como o que é usual em cada país.
- Qual o país com mulheres / homens mais bonitos: Uiii… é-me difícil responder pois creio que há gente bonita em toda a parte… e isso depende muito das nossas preferências. Não se pode comparar uma “boneca” nórdica, loira e de olhos azuis – belíssima, sem dúvida – com uma morena latina, de formas “generosas” e com olhos verdes…
- Hotel preferido: Sinceramente não tenho. Já dormi em muitos lugares, quase todos baratos, e não recordo nenhum que mereça ser aqui destacado. Quando me sair o Euromilhões vou passar uma semana ao Mamounia…
- Site / blog: Não tenho.
Jaime Alves – Rubrica: Quem viaja – Falar com o viajante
Fotografia Viagem de Jaime Alves
Qual é a sua relação com as viagens? O que pretende encontrar enquanto está a conhecer outros países?
Procuro sobretudo encontrar formas de viver que possa adaptar – ou incorporar – ao meu estilo de vida.
Muitos viajantes ficam fortemente marcados por algumas viagens, certas pessoas, culturas diferentes e experiências especiais. Qual a viagem mais marcante para si e conte o porquê:
Gostei muito de conhecer o povo cabo-verdiano, que é de uma amabilidade e generosidade inexcedíveis. A nível individual nomeio aqui um ancião da Guiné-Bissau – Abdu Fati – “homem-grande” da sua tabanca, que me disponibilizou a sua casa durante o Ramadão para que eu pudesse estar comodamente instalado com a minha companheira. Não valeu de nada protestar… pois eu era o primeiro português com quem ele falava desde a independência do seu pais… Tenho essa história escrita (e outras, naturalmente)… quem sabe algum dia as publique…
Algumas pessoas precisam de ser incentivadas a sair de casa, a perder o medo de viajar. Que conselhos pode dar a alguém que quer começar a viajar mas não sabe como, quando e porquê?
Dir-lhes-ia que o mundo está cada vez mais pequeno, mais globalizado, que já há Mc’Donalds em todo lado (ahahah estou brincando) e que não é necessário ir passear para a Amazónia, para Bornéu ou para Mongólia para encontrar coisas, gentes e situações diferentes e interessantes. Talvez aprender umas quantas palavras de espanhol e ir até à desconhecida Espanha (o mesmo é válido para os espanhóis que desconhecem Portugal) já se possa converter numa viagem/odisseia/aventura inesquecível.
Já viveu num país diferente mais do que seis meses? Se sim, onde foi e o que esteve a fazer. Diga-me também, o que retirou dessa sua experiência de viver no estrangeiro:
Nasci e vivi 21 anos em África, vivi uns 15 anos seguidos na Europa e depois mudei-me para a América do Sul onde, com alguns intervalos, já levo outros 15 no activo.
Já vivi mais de seis meses na Guiné-Bissau (como Coordenador da Assistência Médica Internacional – AMI), dois anos em Espanha (trabalhando), um ano no Paraguay (trabalhando), cerca de quinze anos (intercalados) aqui na Argentina, e sem contar os 21 anos de Moçambique (onde nasci).
Da vivência em países estrangeiros retiramos sempre grandes ensinamentos a vários níveis… mas resumiria dizendo que se aprende sobretudo a valorizar a nossa própria cultura e as nossas raízes… coisas a que não damos o devido valor quando convivemos com elas todos os dias.
Escolher uma paisagem preferida pode ser muito difícil. Mas tente escolher uma paisagem que ficou para sempre na memória. O que sentiu naquela altura?
Hummm… é um pouco difícil… talvez (arriscando esquecer-me de alguma outra) a praia de Itamaracá no nordeste do Brasil (Recife)… mas as sensações fortes e inolvidáveis que ali senti (para além da beleza da paisagem, da água de côco fresca, da água do mar verde-esmeralda a 27º C., etc…) certamente se devem ao facto de me ter acabado de enamorar de uma “gitana” de olhos verdes e longos cabelos negros ondulando ao vento quente naquele cenário tropical, e de me permitir regressar ao Moçambique da minha infância e adolescência…