Nouadhibou é uma cidade que fica no Norte da Mauritânia, quer dizer, fica no centro mas costuma-se dizer que fica no norte já que o verdadeiro norte do país é normalmente esquecido pois está cheio de piratas do deserto, bandidos e minas.
É uma cidade relativamente calma, onde a presença constante de areia e do mar, faz perceber a ligação estrema entre o Deserto do Saara e o Oceano Atlântico.
A skyline da cidade de Nouadhibou é fácil: barracas, antenas de tv, poeira e muito lixo. Junto à linha do comboio (trem) Nouadhibou-Zouerat, entre o centro da cidade e um bairro pobre com a maioria dos seus habitantes de nacionalidade senegalesa, há uma forte influencia da máfia nigeriana, que faz tráfico de drogas, mulheres e armas.
Nouadhibou também conhecida por NDB é uma cidade com uma certa mística, mas penso que seja pelo respeito que impõe. É de certa maneira até uma cidade calma, mas que tem uma grande actividade ilegal a vários níveis.
Na cidade pode-se observar vôos de trafico a saírem do aeroporto, carrinhas com máfia nigeriana, restaurante de chineses também metidos em negócios obscuros, podemos atravessar campos de tiro da al-Qaida (Actualização: a Al-Qaida já não se encontra activa em NDB como na altura que escrevi este artigo).
Eu tive oportunidade de conhecer bem a cidade, já que a visitei várias vezes, e uma delas tive que ficar uma semana à espera do avião para Lisboa.
Tive assim várias estadias na cidade, e vou tentar dar um pequeno relato da minha experiência em cada uma das vezes que lá fui.
[su_box box_color=”#01AEFD” title=”1ª entrada: Dezembro 2003″ radius=”0″]
No km 40 perto de Dakhla em Marrocos, apanhei boleia (carona) de um senhor suíço que viajava num jipe Nissan Patrol. Entrei assim pela parte da antiga estrada espanhola, perigosa porque é totalmente minada e onde há uma lixeira do outro lado da linha de caminho de ferro. Não era suposto termos feito esta pista, pois havia a pista normal, mas fomos levados em erro por um grupo de bandidos que mais tarde nos tentou roubar. Nesta minha primeira estadia visitei um pouco de tudo incluindo o Cabo Branco, o Cabo Cansado, os mercados e o centro da cidade.[/su_box]
[su_box box_color=”#01AEFD” title=”2ª entrada: Janeiro 2004″ radius=”0″]
Depois de ter ido à boleia até ao Senegal, e ter voltado até Dakhla no sul de Marrocos, resolvi descer mais uma vez, já que havia um senhor alemão que ia para Nouadhibou. O alemão deixou-me sozinho com duas garrafas de água na linha de comboio a cerca de 50 km de Nouadhibou. Ele teve que mudar os seus planos de viagem e seguir para Nouakchott já que recebeu um telefonema do seu sócio a comunicar que ele não se deveria aproximar de Nouadhibou pois tinha um grupo de homens armados para lhe roubarem a mercadoria que transportava. Este alemão pelo que percebi, fazia esta viagem de três em três meses, com material diverso para vender. Não fiquei a perceber bem qual era o seu negócio. Depois de esperar sozinho, resolvi tentar a sorte e saltar para dentro do comboio quando este viesse de Choum dali a seis horas, mas, acabei por apanhar lugar numa carrinha cheia de fruta vinda de Marrocos. Tive sorte já que fui o caminho todo a comer fruta, e o senhor deixou-me mesmo à porta do hotel onde pernoitei. O senhor da fruta não queria parar mas pus-me imediatamente à frente dele e invoquei Allah, o Deus dele para me fazer parar. E lá foi. Cheguei de noite a Nouadhibou. Deixou-me à frente do Auberge Le Chinguetti. Fiquei uma semana nesta cidade, à espera da autorização do Ministério do Interior português, para poder sair no avião do peixe que seguia para Lisboa via Agadir em Marrocos. Nesta estadia visitei um pouco de tudo incluindo o Cabo Branco, o Cabo Cansado, os mercados, o centro da cidade, o campo de tiro da Al-Qaida, a pista de aterragem do aeroporto, as aldeias de pescadores na Baía de Dakhlet Nouadhibou, e os bairros senegaleses.[/su_box]
[su_box box_color=”#01AEFD” title=”3ª entrada: Abril 2004″ radius=”0″]
Mais uma vez entrei em Nouadhibou e desta vez fui com o meu carro na Expedição Évora-Tambacounda 2004. Desta vez já foi mais fácil chegar desde a fronteira até à cidade. Já conhecia mais ou menos o esquema e arranjamos um guia de confiança que nos levou por 20 EUROS até ao Auberge no centro da cidade. O guia era de confiança, pois os policias de fronteira já me conheciam e fizeram questão em me indicar um senhor que lá estava (temos que perceber que a fronteira da Mauritânia / Marrocos mudou muito e agora em 2015 é muito acessível, mas antigamente era extremamente perigosa, e não havia estrada, tinha muitos bandidos, minhas antipessoais, etc.). Nesta altura tentamos arranjar transporte até Choum, para pormos o carro no comboio (trem), mas isto só seria possível dali a uma semana, por isso resolvemos fazer as pistas de areia até Nouakchott (antigamente não havia estrada de alcatrão, só pistas e dunas. Hoje em dia há uma excelente estrada de alcatrão a ligar as duas cidades).[/su_box]
[su_box box_color=”#01AEFD” title=”4ª entrada: Março 2009″ radius=”0″]
Cheguei à Mauritânia com um amigo meu marroquino, queríamos após Nouadhibou seguir as pistas de areia até Choum, pela linha de fronteira com Marrocos. Nouadhibou em vários anos que já não ali ia, não tinha mudado muito. Juntamente com o meu amigo Moha, exploramos um pouco o centro da cidade, os mercados e o Cabo Cansado.[/su_box]
[su_box box_color=”#01AEFD” title=”5ª entrada: Abril 2009″ radius=”0″]
Quando voltámos do nosso tour à volta da Mauritânia, o meu amigo Moha queria ir comprar roupa tradicional mauritana para levar para a família. Ficamos então um par de dias a compras e a explorar zonas de praia com pescadores a alguns kms da cidade.[/su_box]
Vídeo de comboio a cruzar Nouadhibou:
[su_box box_color=”#01AEFD” title=”6ª entrada: Janeiro 2015″ radius=”0″]
Depois de tantos anos sem vir à Mauritânia, resolvi aproveitar o facto que estava em Dakhla para seguir viagem e mais uma vez visitar Nouadhibou. Presentemente esta viagem faz-me muito mais facilmente que antes. Há transporte directo em autocarro (ônibus) desde Dakhla, e depois há local para dormir na fronteira (hotel básico para se dormir num colchão no chão por 30 dirhams). De manhã quando abrem a fronteira é só cruzar os quatro km a pé, ou apanhar um táxi até ao outro lado mauritano, onde se pode fazer o vista à chegada pagando 50 euros. Nouadhibou impressionou-me mais uma vez, pois nada mudou desde a primeira vez que lá cheguei em 2003. Continua suja, cheia de areia, com os mesmos negócios. Uma cidade do deserto quase parada no tempo, e que penso que representa o país. Aproveitei para explorar os mercados, a zona da linha de comboio.[/su_box]
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