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Nesta entrevista temos a viajante Rita Andrade.
Vamos conhecer um pouco mais sobre quem viaja e explora o mundo. Nesta rubrica “QUEM VIAJA“, proponho dar a descobrir várias pessoas que viajam o mundo à sua maneira, cada um de forma diferente. Tento criar assim, um perfil de viajante, rápido e fácil de ler sobre vários viajantes portugueses e brasileiros.
Rita Andrade – Perfil de Viajante
- Nome completo: Rita Andrade
- Profissão: Criativa de Publicidade
- Data de nascimento: 1983
- Local de nascimento: Lisboa – Portugal
- Local de residência: Lisboa – Portugal
- Quantos países já visitou: 22
- Quantos continentes já visitou: 3
- Maneira preferida de viajar: Todas
- Comida preferida: Tantas. Mas talvez a preferida seja a cozinha italiana (não como carne)
- Cor preferida: Vermelho
- Banda preferida: Tantas. Mas Pearl Jam talvez seja a favorita das favoritas
- Fruta preferida: Manga
- Livro de viagem preferido: Hmm. Pergunta difícil…já gostei de tantos! Na altura que saiu o “O mundo é fácil” do Gonçalo Cadilhe comprei e impulsionou-me a fazer a viagem que mais me marcou. Neste momento estou a ler o “Ghost Train to the Eastern Star” do Paul Theroux e estou a gostar bastante!
- Já se apaixonou por alguém em viagem? Não. Mas já fiz amigos para a vida.
- Você vive para viajar ou viaja para viver? Vivo para viajar e viajo para viver
- Próximas viagens: Marrocos, Moçambique, África do Sul
- Países onde não voltaria: Voltaria a todos!
- Países onde voltaria: Bolívia, Myanmar, Peru….e tantos outros!
- Países com melhor comida: Portugal, Itália, Brasil
- Qual o país com mulheres / homens mais bonitos: Portugal
- Hotel preferido: Já fiquei em vários onde voltaria, mas a minha memória para nomes é terrível. Um em Bagan (Myanmar) em que o dono era super simpático e conversador, o que fiquei em Cusco (Peru), o que fiquei em Buenos Aires… e claro, o “Hotel” de sal em que fiquei na travessia do deserto de sal na Bolívia (todo ele feito de sal!)
- Site / blog: www.whereintheworldisrita.com
Rita Andrade – Rubrica: Quem viaja – Falar com o viajante
Fotografia Viagem de Rita Andrade
Qual é a sua relação com as viagens? O que pretende encontrar enquanto está a conhecer outros países?
Eu sou curiosa por natureza. Mas não crio muitas expectativas quando conheço um lugar novo, e quando encontro o que seja, quer novas culturas, novas pessoas, novos costumes e novas paisagens, absorvo tudo e tento viver ao máximo cada uma das experiências que encontro pelo caminho. E cada vez mais sinto que não são os destinos em si que importam, mas tudo o que vives até lá. Viajar é também, e cada vez mais, um crescimento interior, um enriquecimento impossível de adquirir por bens materiais (como diz a famosa frase “Travel is the only thing you buy that makes you richer.”)
Muitos viajantes ficam fortemente marcados por algumas viagens, certas pessoas, culturas diferentes e experiências especiais. Qual a viagem mais marcante para si e conte o porquê:
Acho que todas as minhas viagens me marcaram bastante, de uma forma ou de outra. As vivências noutros lugares muitas vezes tão diferentes do lugar a que chamo casa, são sempre especiais e únicas. Por exemplo, aos 19 anos fiz o caminho francês de Santiago e foi uma experiência maravilhosa, não só ao nível dos locais por onde passei, mas principalmente pelas pessoas que ia conhecendo pelo caminho: 800 km, quase 1 mês e amigos que ficaram para a vida. No entanto, a que me marcou mais foi a minha viagem pela América do Sul em 2011… não só pelos lugares incríveis onde estive, as paisagens magníficas que presenciei ou as pessoas maravilhosas que conheci, mas pela decisão de deixar o que já não me fazia feliz – o meu trabalho – e ir viajar durante uns meses… parti sozinha e, nunca me senti sozinha. Conheci-me de uma forma muito profunda e moldou-me na “viajante” que sou hoje.
Algumas pessoas precisam de ser incentivadas a sair de casa, a perder o medo de viajar. Que conselhos pode dar a alguém que quer começar a viajar mas não sabe como, quando e porquê?
Eu queria viajar e quando decidi partir para a América do Sul decidi que ia ser sozinha. Apeteceu-me desafiar-me, pois até então tinha sempre viajado acompanhada (excepto quando decidi ir morar para Inglaterra, aí também parti sozinha sem conhecer lá ninguém). No entanto, lembro-me de umas semanas antes começar a pensar se era a melhor decisão…e muita gente me disse que provavelmente me ia sentir sozinha, que podia voltar a casa antes do tempo, que as coisas podiam não correr tão bem quanto eu esperava (sou uma optimista, confesso).
Nunca me senti sozinha…pelo contrário, eu sempre gostei de ter momentos sozinha e tinha praticamente de “fugir” para um quarto privado para conseguir esses momentos. Adorava as conversas com as pessoas locais, e mesmo nos hostels há sempre alguém na mesma situação que vai querer saber de onde vens e qual é a tua história. Quando se viaja sozinho, a não ser que se vá para o meio do mato sem mais ninguém em vista, é praticamente impossível realmente sentir-se sozinho, estar sozinho. Tenho planos de voltar a viajar sozinha e aconselho isso a toda a gente pelo menos uma vez na vida: não há maior viagem interior que aquela que se percorre sozinho… sendo que na verdade, nunca te sentirás só.
Quanto aos outros medos… o mundo não é um lugar assustador! Pintam nos jornais que o país X é perigosíssimo, e o país Y detesta outsiders. As pessoas que tenho encontrado nos países que visitei são sempre maravilhosas. Claro que (principalmente quando se é mulher e se viaja sozinha) temos de ter alguns cuidados e saber os traços culturais principais da cultura que vamos visitar, mas é senso comum… o mundo é um lugar bonito e as pessoas são na maioria boas pessoas! Eu acredito também que quando vais com um sorriso, recebes um sorriso em troca…e quando estou a viajar, o meu sorriso é uma constante.
Já viveu num país diferente mais do que seis meses? Se sim, onde foi e o que esteve a fazer. Diga-me também, o que retirou dessa sua experiência de viver no estrangeiro:
Aos 20 anos decidi ir estudar e trabalhar para Inglaterra. Foi uma decisão tomada em pouco tempo, não conhecia ninguém, e nunca lá tinha ido. Vivi lá cerca de 3 anos e meio a aprendi muito. Adoro conhecer novas culturas e, desta forma conheci os ingleses e os seus costumes de perto. Foi a primeira vez que vivi longe da família e cresci muito com isso. Só não me habituei totalmente foi ao tempo cinzento: o sol de Lisboa faz falta de vez em quando.
Escolher uma paisagem preferida pode ser muito difícil. Mas tente escolher uma paisagem que ficou para sempre na memória. O que sentiu naquela altura?
As paisagens que vi na Bolívia. Fui sem expectativas, voltei com uma admiração surreal pelo país e pelas paisagens. Adorei as paisagens que vi no Brasil, na Patagónia, no Perú, no Hawaii, em Myanmar, no Borneo…tantas… mas as da Bolívia tocaram-me de uma forma muito própria. Senti que estar viva é poder conhecer este nosso mundo magnífico. Quero viajar mais e mais.