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Lisboa é a cidade onde nasci. A sua beleza e enquadramento histórico fazem da capital portuguesa um dos lugares mais interessantes para visitar no continente europeu.
Sei que muitos portugueses dizem que para visitar Lisboa é preciso muito dinheiro e que os preços são mais altos que no resto de Portugal, mas, os turistas de outros países todos juram a pés juntos que a cidade é ainda uma das capitais mais baratas de toda a Europa.
O que proponho nesta página é um roteiro de uma semana em Lisboa por menos de 20€ por dia – Acha que é possível? Sim, é possível visitar Lisboa sem gastar muito dinheiro e as possibilidades são imensas.
Alojamento barato em Lisboa
Dormir em hostels:
A oferta de alojamento em Lisboa é imensa mas com um limite de 20 Euros diários para gastar nem vale a pena olhar para os melhores. O acesso aqueles que foram escolhidos pelos utilizadores do Hostelworld.com ou Booking.com como os melhores hostéis do mundo, como o Home Lisbon Hotel com diárias a rondar os 18 Euros, é um luxo que não se enquadra no orçamento de 20 Euros por dia que proponho neste guia barato de Lisboa.
Lisboa tem muitos hostels, em que os preços são mais em conta porque oferecem camas beliches em quartos estilo dormitório. Assim, você irá partilhar o quarto com mais pessoas.
O valor mais baixo que encontrei foi de 9 Euros, no LOCALS Hostel & Suites, sem pequeno-almoço mas, muito importante, com uma cozinha ao dispor dos hóspedes. É preciso considerar que para poupar uns Euros deverá agendar a sua visita a Lisboa fora da época alta.
Dormir em Couchsurfing:
Poderá ainda considerar aderir à comunidade de Couchsurfing, com membros presentes em quase todo o mundo, onde as pessoas simplesmente recebem viajantes em sua casa, de forma totalmente gratuita.
* Se já tem conta Couchsurfing pode adicionar-me ao seu grupo de amigos através do meu perfil.
Além disso, muitas pessoas acabam por ir oferecendo algumas refeições aos seus convidados, apesar de não ser uma obrigação. Procure nas referências deixadas por anteriores hóspedes e veja se falam de refeições em conjunto.
Outra coisa: tendo em conta o custo dos transportes em Lisboa, vale a pena esforçar-se por ficar numa localização bem central. O que pagará a mais pelo alojamento vai cortar em deslocações, e assim poupa também tempo e energia. O mesmo se aplica ao Couchsurfing: procure um anfitrião que viva numa zona mais próxima do centro da cidade.
Alimentação barata em Lisboa
A nível de refeições, tudo depende também de quanto você come por dia, há pessoas que passam muito bem com uma sandes e uma sopa que custará cerca de 3 Euros em qualquer tasca no Rossio. Há restaurantes em Alfama que oferecem o menu completo com prato principal, bebida, sobremesa e café por menos de 6.5 Euros. Outros lugares oferecem mini-pratos por 3 Euros. O Restaurante TAO na Rua dos Douradores na Baixa tem menus que começam a 4 Euros com chá e salada incluído.
Para os que querem mesmo poupar dinheiro, e que gostam de cozinhar, a chave para uma estadia económica em Lisboa passa por uma alimentação baseada em produtos adquiridos no supermercado. E não em qualquer um. A verdade é que nas zonas centrais da capital portuguesa só existem supermercados de cadeias um pouco mais dispendiosas. De forma geral, em todo o país, as redes mais económicas são as do Minipreço, do Aldi e do Lidl.
Eu pessoalmente prefiro sempre pagar um pouco mais para dormir e ter pequeno-almoço / café da manhã incluído no preço.
Poderá ver aqui informação detalhada sobre a localização e horários de abertura destes supermercados e de outros, como as mais frequentes, lojas Pingo Doce que muitas vezes têm produtos alimentares muito baratos. Nos mapas disponíveis encontrará também a rede de metro para mais facilmente encontrar a loja mais adequada.
O que eu sugiro é que visite uma destas lojas, mesmo que tenha que pagar um bilhete de retorno nos transportes públicos, e regresse bem carregado de coisas boas para comer.
Poderá considerar aproveitar a deslocação e a despesa para visitar uma parte diferente da cidade. Por exemplo, o Lidl da Avenida Visconde Valmor fica a um passo de distância do Campo Pequeno e da sua imponente praça de touros e mais perto ainda do excelente Museu Calouste Gulbenkian que só deverá visitar se for um apaixonado pelas artes. Será, digamos assim, a extravagância da sua viagem. Além disso fica enquadrado no meio de quatro estações de metro que poderá conjugar para aproveitar melhor a deslocação: Praça de Espanha (a menos interessante), São Sebastião, Campo Pequeno e Saldanha.
Uma coisa é vital: escolha um hostel que tenha uma cozinha à disposição dos hóspedes. Precisará do seu frigorífico para armazenar parte dos abastecimentos e do espaço para cozinhar, mesmo que apenas pratos simples.
Transportes baratos em Lisboa
Nas últimas décadas a cidade de Lisboa tem investido na expansão da sua rede de metropolitano e de uma forma geral a cobertura é suficiente para garantir as necessidades do visitante. Há ainda áreas essenciais que não estão cobertas, como toda a zona de Belém, essencial para qualquer percurso turístico na cidade. Infelizmente as movimentações em transportes públicas podem consumir uma boa fatia do orçamento e sobre isso a única coisa a fazer é caminhar muito e usar transportes apenas quando mesmo necessário. Os bilhetes para uma viagem no metro de Lisboa ou de autocarro custam 1,45 Euros e um bilhete de 24 horas vale 6 Euros.
Roteiro de uma semana em Lisboa
Dia 1 em Lisboa
Uma excelente forma de iniciar uma visita mais longa a uma cidade é recorrer a uma Free Tour, e consta que uma das melhores em Lisboa é a Lisbon Chill-Out Free Tour. Mas atenção, as visitas guiadas gratuitas são em inglês. Esteja no local assinalado pelas dez da manhã, desfrute do passeio e pedindo desculpa à sua consciência termine a tour sem dar a gratificação usual.
Para almoçar, sendo o primeiro dia e tendo tido uma manhã gratuita em grande, procure uma tasca com menus do dia; o rombo no orçamento será limitado.
Agora é hora de abastecer a dispensa. Vou assumir que está um dia que convida ao passeio, como costuma ser o caso em Lisboa. Arranque por aí acima, pelas avenidas, a pé. Suba primeiro a Avenida da Liberdade, chegue ao Marquês de Pombal, siga pela Fontes Pereira de Melo até ao Saldanha e dali apanhe a Avenida da República até ao Campo Pequeno. Ao longo deste percurso preste atenção à arquitectura dos edifícios que ladeiam as avenidas. Alguns palacetes são especialmente interessantes.
Chegado ao Campo Pequeno poderá e junto à praça de touros pode tomar a Avenida de Berna. Se for Domingo poderá visitar gratuitamente o Museu Calouste Gulbenkian (visita gratuita aos Domingos após as 14 horas) o que é uma excelente oportunidade considerando que se trata de um dos melhores museus portugueses e da Europa. Seja como for, poderá sempre visitar os agradáveis jardins da Fundação.
Mesmo ao lado, na Avenida Visconde Valmor 68 encontrará um supermercado Lidl onde poderá encher a mochila de abastecimentos aos melhores preços disponíveis no país. Sugiro que invista generosamente para poupar nos dias seguintes. Por exemplo: leite, cereais, latas de atum, pão, queijos, carnes frias, fruta, frutos secos, cervejas, chocolates, massas, ovos, arroz, vegetais… enfim, o que for ao seu paladar ou de acordo com a sua dieta. Se gastar ali uns 20 Euros, terá provavelmente comida para quatro ou cinco dias.
Agora que vai carregado, procure a estação de metro do Campo Pequeno e regresse ao hostel ou a casa para descansar das caminhadas e largar as compras.
Ao serão, se estiver a fazer Couchsurfing, talvez seja de bom tom ficar a conversar um pouco com o seu anfitrião e até pode ser que ele tenha alguma sugestão de coisas para fazerem juntos. Se estiver a ficar em hostel, sugiro que saia para uma volta pelo Bairro Alto, uma das zonas históricas de Lisboa com bastante animação nocturna. Não perca o Miradouro de São Pedro de Alcântara, que oferece excelentes vistas sobre a baixa lisboeta e que tem sempre muita vida.
Sumário do Dia 1
- Visita Guiada à Lisboa Histórica: 0,00 Euros
- Almoço: 6 Euros
- Supermercado: 20 Euros
- Transportes: 1,45 Euros
- Total: 27,45 Euros
Dia 2 em Lisboa
Vamos acordar bastante cedo para ver Lisboa sem [muitos] turistas? Explore as ruas do bairro histórico de Alfama, que envolve o Castelo de São Jorge e sinta o palpitar de uma cidade que acorda para um novo dia. Visite o Miradouro de Santa Luzia, logo a seguir à Sé Catedral de Lisboa e não muito longe do Castelo. Um pouco mais à frente, seguindo a rua onde se encontram os carris dos eléctricos (ou bondes, no Brasil) encontrará um outro miradouro clássico, o das Portas do Sol.
Se está em hostel estará agora na hora de passar por lá para tomar o seu pequeno-almoço (ou café da manhã) gratuito. Se for caso disso, coma até não poder mais, quanto mais usufruir da refeição matinal gratuita menos consumirá do seu stock de alimentos. Se está em casa de alguém, deverá ter preparado antes de sair uma generosa merenda suficiente para um dia na rua: sanduíches, pacotes de leite ou outra bebida a seu gosto, algumas peças de fruta, talvez umas bolachas (leves, doces, racionáveis… ideais para estas situações).
Dirija-se agora aos Cais do Sodré, um importante centro de transportes públicos onde encontrará muitas linhas de eléctricos e autocarros, uma estação de metro (linha verde), uma estação de barcos e uma estação de comboios da Linha de Cascais. E é esta última que procuramos. Vamos tirar o resto da manhã para visitar Cascais!
O bilhete do comboio custará 2,20 Eur. Pode usar o cartão que adquiriu para a sua primeira viagem de transportes públicos. Mas atenção, o cartão não pode ter créditos de viagem. Ao entrar, escolha um lugar à janela do lado esquerdo. Este percurso, apesar de não ser dos mais cénicos do mundo é mesmo assim muito bonito, pelo menos em partes.
Se for Verão, leve material de praia. Nesta Linha tem acesso a uma série de praias, facilmente alcançáveis a partir das respectivas estações de comboio. Contudo, antes de Carcavelos o nível de poluição não recomenda nada mais que um passeio pelos areais. Dali para a frente é diferente.
O comboio passará por partes bem interessantes de Lisboa. Primeiro correndo ao lado da Avenida 24 de Julho, depois passando sob a Ponte 25 de Abril e atravessando Alcântara e a zona turística de Belém onde voltaremos noutro dia. Segue-se Algés e a parti daí Lisboa fica para trás. Ao seu lado o vasto rio Tejo abre-se para a foz. Repare na construção que avista bem no meio da água. Trata-se do Farol do Bugio (não, não pode ser visitado, pelo menos sem pagar uma pequena fortuna a uma embarcação privada para o levar até lá).
Passando na zona do Estoril imagine como seria esta área durante os anos da Segunda Guerra Mundial. Portugal foi um dos quatro países que ficaram neutrais e estando mais afastado das zonas do conflito, aqui acorreram refugiados de alto nível. Esta zona, assim como Cascais, tornou-se residente para a nata da sociedade europeia, incluindo muitos reis e rainhas, príncipes e princesas.
Passei um bocado em Cascais. O centro histórico não é grande nem especialmente espectacular mas oferece alguns detalhes interessantes. Encontre as pequenas praias escondidas entre rochas e palacetes e quando sentir que chegou a hora, inicie o regresso a Lisboa.
Chegou ao Cais do Sodré. Tem sido um dia longo… porque não caminhar relaxadamente ao longo do rio, na direcção em que o comboio chegou, rumo à Praça do Comércio? Nos últimos anos a municipalidade tem renovado esta área, procurando aproximar o rio das pessoas. Há vários espaços apetecíveis onde poderá parar para observar e, quem sabe, ler um pouco ou comer qualquer coisa.
Na Praça do Comércio, antigo centro nevrálgico do Império Português, onde se concentravam os Ministérios que comandavam o país, vai reparar na estátua equestre do rei D. José, bem no centro, mas também no imponente Arco da rua Augusta, inteiramente pedonal. É possível subir ao topo do arco, onde existe uma plataforma-miradouro, mas o acesso custa 2,50 Euros. Talvez possa despender esse dinheiro num dia económico como o de hoje. Eu pessoalmente já subi ao topo do miradouro, e devo dizer que é uma das melhores vistas da cidade, por isso pense bem, que este dinheiro será bem empregue.
Pode passear pelas ruas em planta geométrica da Baixa, assim construídas segundo um plano desenhado pelo arquitecto Eugénio dos Santos, sob as ordens do famoso Marquês de Pombal, após o terrível terramoto que destruiu Lisboa (e muitas outras cidades do país) a 1 de Novembro de 1755.
É provável que por esta altura queira descansar. Talvez queira ir até ao seu alojamento, tomar um duche e começar a pensar em preparar o jantar.
Sumário do Dia 2
- Bilhetes de Comboio: 4,40 Euros
- Miradouro: 2,50 Euros
- Total: 6,90 Euros
Dia 3 em Lisboa
Acordar calmamente, tomar o pequeno-almoço, bem reforçado. Prepara a sua merenda para o dia. Vamos caminhar até Belém, começando no Cais do Sodré. É um passeio maravilhoso, quase sempre junto ao rio. Verá lisboetas fazendo o seu exercício matinal, passeando os seus cães, usufruindo da sua cidade. Se for fim-de-semana os cafés e esplanadas que se estendem ao longo do percurso estarão já bem activos (nem tanto aos dias de semana).
É uma caminhada de cerca de 5 km. Vai passar junto a docas, a muitos edifícios que tiveram os seus tempos áureos nos tempos em que ainda existia um Império Português, quando toda esta zona do Porto de Lisboa tinha uma importância imensa. Passará perto da Doca Rocha Conde de Óbidos, onde atracavam os navios de cruzeiro de luxo (actualmente ficam mais perto de Santa Apolónia, no novo porto). Um pouco antes, do lado de lá da larga avenida, existe o Museu Nacional de Arte Antiga. Não precisa de entrar, mas o museu tem uma cafetaria com um jardim maravilhoso, um espaço recatado que é muito agradável e onde se pode sentar um pouco sem consumir nada.
Mais à frente passará sob a Ponte 25 de Abril, tão idêntica à famosa Golden Gate de São Francisco. Não admira, foi construída pela mesma companhia, a American Bridge Company. A partir desse ponto o espaço da caminhada é adornado de parques e relvados. Passará junto ao novo Museu MAAT (Museu Arte Arquitectura Tecnologia) e à Central, um museu de electricidade instalado numa antiga central eléctrica.
E logo de seguida chegará à monumental área de Belém, desenvolvida em redor da Praça do Império. Toda a zona foi desenhada para a Exposição do Mundo Português, inaugurada em 1940. É neste contexto que surge o famoso Padrão dos Descobrimentos e todos os espaços ajardinados da Praça. Do lado oposto encontra-se a residência oficial do Presidente da República e um pouco mais à frente a Torre de Belém, de onde os navios portugueses partiram à descoberta do mundo desde o início do século XVI.
Visite o Mosteiro dos Jerónimos e o moderno Centro Cultural de Belém. Se quiser, experimente os famosos Pastéis de Belém (1,10 Euros a unidade), o original “pastel de nata” português, que se vai encontrando também pelo mundo chinês, onde chegaram através da presença portuguesa em Macau.
Quando estiver despachado de Belém, procure a estação fluvial. Vamos atravessar o Tejo pela primeira vez! Mas atenção que só há partidas de hora a hora, à meia hora. Ou seja, às 11:30, 12:30, 13:30, etc. O bilhete custa 1,20 Euros e mais uma vez pode usar o cartão que já tem.
O barco leva viaturas e atravessa o rio em cerca de meia-hora, chegando à Trafaria e seguindo para Porto Brandão, de onde regressa a Belém. A Trafaria é uma pequena localidade, até há pouco tempo ao abrigo dos turistas, com um sabor a comunidade de pescadores que ainda hoje se sente. Se se preparar bem, poderá conseguir chegar até uma antiga posição de artilharia costeira onde se podem observar os antigos canhões e, claro, uma vista impressionante para o mar e para Lisboa. Porto Brandão é uma pequena aldeia com uma praia fluvial e nada mais. O destino fica à sua escolha. Quanto à hora de regresso, o melhor é consultar aqui os horários.
De volta a Belém poderá apanhar o comboio (1,30 Eur) para o Cais do Sodré. Sugiro que se deixe confortar com uma cerveja numa esplanada junto ao rio. Existem várias opções na zona do Cais do Sodré.
Antes de regressar a casa, dê uma vista de olhos ao antigo mercado, do outro lado da avenida, mesmo em frente à estação de comboios. As ruas que existem por detrás estão hoje em fase de requalificação, sendo um centro de animação agradável, mas ainda há duas décadas eram um antro obscuro de prostituição, frequentado por marinheiros que chegavam ao porto de Lisboa.
Depois do bem merecido jantar que vai preparar com os mantimentos que ainda lhe restam, poderá dar uma volta por Alfama, um bairro cada vez mais animado apesar do seu carácter genuíno se ter vindo a perder com a chegada do turismo de massas.
Sumário do Dia 3
- Pastel de Belém: 1,10 Euros
- Travessia do Tejo: 2,40 Euros
- Comboio: 1,30 Euros
- Cerveja: 1,50 Euros
- Total: 6,30 Euros
Dia 4 em Lisboa
Este é o dia de uma pequena excentricidade: vamos gastar o magro orçamento diário num bilhete de livre-trânsito para o metro e autocarros de Lisboa (6,15 Euros) e vamos usá-lo bem. Antes, porém, tomar o tal pequeno-almoço gratuito no hostel ou atacar os mantimentos que por esta altura devem estar a chegar ao fim.
Vamos tomar o metro e sair na estação Parque (Linha Azul). Assim que sai para o exterior, caminhe para trás do ponto de acesso. Há-de encontrar um bonito pavilhão que foi em tempos o centro de desportos de interior de Lisboa, na altura chamado de Pavilhão dos Desportos, mais tarde renomeado Pavilhão Carlos Lopes, em honra do atleta português que ganhou a medalha de ouro da maratona dos Jogos Olímpicos de Los Angeles (1984).
Em frente ao pavilhão estende-se o Parque Eduardo VII, ladeado de jardins e parques, incluindo o pequeno mas interessante jardim botânico chamado de Estufa Fria. Caminhe até ao topo do Parque e aprecie a vista. A cerca de 400 metros para trás do topo encontrará a estação de metro de São Sebastião.
Vá até à estação da Alameda (Linhas Verde e Vermelha). Ao sair verá um espaço alongado, a alameda, tendo num topo o Instituto Superior Técnico, um campus universitário de grande tradição, que é a instituição na área da engenharia mais credenciada no país. O complexo foi construído entre as décadas de 20 e de 30. Tem quase cem anos.
No outro topo encontrará a Fonte Luminosa, um espaço clássico de Lisboa, deixado ao abandono durante algum tempo mas que nos últimos anos tem sido activado.
Entre no metro e desloque-se duas estações pela Linha Verde, até ao Intendente. Procure a interessante praça do Intendente, que tem sido requalificada nas últimas décadas, transformando-se bastante desde o centro de crime, prostituição e drogas que era há apenas 25 anos atrás. Dali poderá caminhar até ao Martim Moniz, já parte da Baixa pombalina e uma das portas de entrada para o bairro de Alfama, um símbolo da diversidade cultural e étnica de Lisboa: ali é o ponto de encontro das comunidades africanas, indiana, paquistanesa e chinesa, o que se reflecte no comércio envolvente.
Volte ao metro, mude em Baixa Chiado e saia em Santa Apolónia. Verá uma das mais emblemáticas estações de caminhos-de-ferro de Lisboa, um pouco obsoleta agora, mas uma autêntica chave para a cidade nas décadas de 60 e 70 do século XX, quando fervilhava com o movimento dos soldados da enorme máquina de guerra portuguesa que nessa altura se envolvia nos três conflitos armados de África (Angola, Moçambique e Guiné-Bissau) e com as idas e vindas dos emigrantes, especialmente em França, que aqui tomavam o comboio para Paris.
Ali perto encontrará o Museu Militar, algo obsoleto, e, do outro lado da ampla avenida que ali passa, o novo terminal de tráfego marítimo de Lisboa, onde se podem sempre avistar imponentes navios de cruzeiro.
Se for um Sábado ou uma Quinta-feira não quererá perder a Feira da Ladra, a maior feira de velharias e antiguidades do país, que se estende no Campo de Santa Clara.
Apanhe um autocarro (por exemplo, o #729) em Santa Apolónia para o Parque das Nações. Esta foi uma área totalmente recuperada nos finais do século XX. Antes, era uma zona desolada, com muitas quintas e antigas indústrias em total ruína. Foi alvo de profundas obras para a Exposição Mundial de 1998 (Expo 98), que fez ali nascer edifícios de elevado interesse e transformou aquela parte de Lisboa numa das mais apetecíveis para viver na capital portuguesa.
É ideal para passear, com muitas surpresas e muita vida, especialmente aos fins-de-semana e aos finais de tarde. Há imensos restaurantes e esplanadas, mas para quem precisa de poupar é excelente apenas para explorar, podendo-se caminhar até debaixo da Ponte Vasco da Gama, que cruza o rio Tejo num dos seus pontos mais amplos, tendo o tabuleiro cerca de 15 km.
Antes de encerrar o dia, vamos procurar um supermercado económico para reabastecer o nosso stock de alimentos. O arroz e a massa certamente ainda sobrará, mas podemos comprar mais coisas para as sanduíches, mais frutas, mais bolachas… encontrará um supermercado Lidl na Avenida Moscavide, bem próximo da estação de metro de Moscavide que será o início do seu regresso a casa e do final deste movimentado dia.
Sumário do Dia 4
- Bilhete 24 Horas: 6,15 Euros
- Supermercado: 20 Euros
- Total: 26,15 Euros
Dia 5 em Lisboa e Sintra
Depois de tomar o pequeno-almoço vamos sair para a rua rumo aos Cais do Sodré. O primeiro destino deste quinto dia em Lisboa é a Margem Sul do Tejo, um nome genérico dado pelos lisboetas à mancha urbana que se estende pela margem oposta do rio. Se estiver a ficar um pouco afastado do Cais do Sodré não esqueça que o bilhete 24 horas que adquiriu na véspera poderá ainda estar válido, Verifique as horas em que o validou na manhã anterior.
Compre o bilhete para Cacilhas (1,25 Euros) na estação fluvial. De novo, poderá usar o cartão que já tem para o carregar com esse título de transporte. Não se preocupe com horários, pois esta é uma rota muito usada e há barcos sempre a sair.
A travessia dura apenas cerca de dez minutos e é pitoresca. Vamos chegar a Cacilhas, um núcleo urbano histórico em redor do qual se desenvolveu a nova malha habitacional. Perto da estação encontra-se um velho navio à vela recuperado pela Marinha de Guerra Portuguesa nos finais dos anos 90. Trata-se da Fragata Dom Fernando II e Glória, o último navio à vela da Marinha e o último navio da carreira da Índia. Fica a nota: é bonito de se observar por fora mas o bilhete custa uns proibitivos 4 Euros. Contudo, há dias gratuitos: primeiros Domingos de cada mês e ainda 18 de Abril, 20 de Maio e 16 de Novembro. Ao seu lado encontra-se o submarino Barracuda, que esteve activo até 2009.
Mas o passeio que nos traz aqui é outro. Volte à estação fluvial e esgueire-se pelo caminho logo à esquerda do terminal. Estará caminhar junto à água do rio e é por aqui que deverá seguir. Trata-se do Cais do Ginjal, uma histórica área industrial e um interface com o tráfego marítimo que hoje se encontra decadente mas interessante e que nos leva por um passeio de uns 3 km.
Vamos ver antigas fábricas desactivadas, pequenas praias de rio, passar junto a um par de restaurantes de localização invejável, pelo elevador que leva até Almada, a cidade que se esconde por detrás dos morros que espreitam o cais. Chegamos a Olho de Boi, onde se encontra um núcleo museológico e, por fim, à antiga fábrica e armazém de vinhos da Arealva. Ali, um pequeno desafio: para prosseguir é preciso atravessar as ruínas, encontrando a saída para o lado oposto. Não é complicado, mas pode demorar algum tempo. A recompensa porém é evidente: de lá terá acesso à majestosa figura do Cristo Rei, construída após a Segunda Guerra Mundial, como sinal de agradecimento pela situação neutral de Portugal. Subir ao terraço é demasiado dispendioso para o nosso orçamento, mas mesmo da base se tem uma vista fabulosa!
Agora é iniciar o caminho de volta. Pode regressar por onde veio ou ir pela cidade. De uma forma ou de outra tente visitar a Casa da Cerca (gratuito), um palacete recuperado onde se organizam exposições e onde existe um agradável jardim com uma vista deslumbrante sobre o rio e sobre Lisboa.
Para a parte da tarde vamos até Sintra. A vila histórica que se localiza a cerca de 30 km de Lisboa e que tão apreciada era pela nobreza e pelas classes abastadas da capital, especialmente no decorrer do século XIX. Chega-se a Sintra de comboio, através da Linha de Sintra. Pode-se sair das estações do Oriente, Roma-Areeiro ou Entrecampos ou, noutra rota, da histórica Estação do Rossio que, claro, se aconselha. O bilhete custa 2,20 Euros e o trajecto leva cerca de 45 minutos.
Em Sintra o melhor mesmo é vaguear e tentar evitar as massas de turistas. Da estação até ao centro histórico caminha-se bem, e depois é procurar encontrar os cantos mais recatados desta bucólica localidade. Lá para cima, para a serrania, encontram-se as pérolas de Sintra: o Palácio da Pena e o Castelo dos Mouros. Mas se há relativamente pouco tempo o acesso a estes locais era livre, actualmente paga-se um bilhete cujo valor seria mortal para o nosso orçamento.
Se mesmo assim quiser visitar estes dois lugares lindos (que eu aconselho mesmo a gastar o dinheiro), o bilhete para entrar no Castelo dos Mouros é de 8 Euros enquanto que para entrar no Palácio da Pena custa 10 Euros. Pode comprar um bilhete combinado para ter 6% de desconto. Lembre-se também que se decidir visitar os monumentos em Sintra, deverá então tirar mais tempo do seu dia, para não visitar tudo à pressa.
Fique por Sintra até poder e apetecer e depois regresse a casa para o merecido repouso.
Sumário do Dia 5
- Bilhetes de Barco: 2,50 Euros
- Bilhetes de Comboio: 2,40 Euros
- Total: 4,90 Euros
Dia 6 em Lisboa
Para a parte da manhã, depois do pequeno-almoço, sugiro um passeio por bairros que já percorremos mas desta vez com a atenção focada em locais específicos. Vamos ver… começando na Praça do Rossio, passamos pelo lado direito do Teatro Dona Maria II e chegamos ao Largo de São Domingos. Vejamos ali o Palácio da Independência, local onde tiveram lugar importantes acontecimentos: no dia 1 de Dezembro de 1640 um grupo de nobres mandou por uma das janelas do palácio o governador espanhol, dando início à longa Guerra da Restauração, que ditou a independência de Portugal depois de 70 anos de domínio espanhol. Do outro lado do largo, a Igreja de São Domingos, que ardeu totalmente em 1959. Frente à igreja, no chão da calçada, um memorial aos judeus vítimas do massacre de 1506 em Lisboa.
Vamos dali tomar a rua de Portas de Santo Antão, uma artéria pedonal muito popular nos meados do século XX e onde se distingue o Coliseu de Lisboa, uma sala de espectáculos histórica que vamos encontrar do lado direito. Um pouco à frente encontrará a Calçada do Lavra, que deverá subir. Perca-se por essa parte de Lisboa, mas conte com algum esforço físico, porque as subidas e descidas são constantes. Siga num mapa a sua progressão e tente descer até à Avenida Almirante Reis ou Rua da Palma.
Suba até ao bairro da Graça, encontre o miradouro Sophia de Mello Breyner Andresen e aprecie as vistas, descansando um pouco as pernas. Agora um pequeno segredo, um cantinho bem escondido: procure a rua do Sol à Graça, bem perto do miradouro, do outro lado do largo da Graça. Logo no início da rua, note uma entrada discreta do lado direito… é o acesso para a Villa Bertha, um projecto de início do século XX para habitação operária que é uma verdadeira pérola escondida de Lisboa.
Se seguir a rua Voz do Operário, que não estará longe da saída oposta da Villa Bertha, estará a dirigir-se para Alfama e encontrará do lado esquerdo o bonito Mosteiro de São Vicente de Fora.
Poderá explorar livremente as vielas e becos de Alfama, procurando um qualquer pátio ou miradouro, um terraço com vista ou um jardim simpático para puxar da sua merenda e tomar uma refeição tranquila.
Para este dia nada mais acrescentarei, porque quase de certeza que o visitante estará exausto. Lisboa antiga é uma cidade construída sobre cinco colinas e a sua exploração é sempre exigente. Talvez queira rever algum local que lhe tenha agradado mais ou simplesmente ficar em casa/hostel a retemperar forças. Se está a fazer Couchsurfing tente passar algum tempo de qualidade com o seu anfitrião. Se fica num hostel, talvez sociabilizar um pouco com os companheiros de alojamento. Prepare um bom jantar na cozinha que certamente tem ao seu dispor. Descanse bem.
Sumário do Dia 6
- Sem custos
Dia 7 em Lisboa
Este é o último dia da sua visita e poderá explorar algumas partes da cidade que ainda não teve oportunidade de conhecer. Talvez arrancar do Cais do Sodré, não junto ao rio como fez anteriormente mas um pouco mais para o interior, pelo bairro de Santos, até encontrar a Avenida Dom Carlos, que poderá subir chegando até ao edifício da Assembleia da República. Ande mais um pouco, suba uma das ruas para o lado direito, por exemplo, a rua Nova da Piedade, entrando numa zona menos conhecida do Bairro Alto.
Eventualmente irá dar ao Príncipe Real e à sua praça onde poderá relaxar um pouco. Depois, siga pela esquerda, pela rua da Escola Politécnica, uma artéria com muito para ver. Acabará por encontrar o Largo do Rato. Entre no Metro e vamos passear até ao Campo Grande (estação de metro com o mesmo nome), um espaço que começou a ganhar contornos de parque já desde o século XVIII e que é o maior do centro de Lisboa. Este foi um espaço importante para muitas gerações de lisboeta, apesar de estar agora num desuso relativo.
Fora do jardim, do lado de lado da movimentada avenida, encontrará um núcleo do Museu de Lisboa instalado no Palácio Pimenta. Tente a sua sorte, pode ser de admissão gratuita ou talvez o deixem espreitar os jardins.
O jardim do Campo Grande é cruzado pela Avenida do Brasil. Para a direita verá uma alameda de amplos relvados em redor da qual se agrupam a Torre do Tombo (o arquivo histórico nacional), a Reitoria da Universidade de Lisboa e as Faculdades de Direito e de Estudos Clássicos, que foram núcleos de oposição ao regime de ditatorial de direita, especialmente na década de 60.
Prossiga em direcção a Entrecampos e passará em frente à Biblioteca Nacional, um edifício majestoso com arquitectura característica de Estado Novo.
Chegando a Entrecampos, poderá apanhar de novo o Metro. Será provavelmente tempo de preparar a sua despedida de Lisboa, de arrumar a mochila, de pagar a conta do hostel. Deverá ter sido uma visita económica e com muita canseira, mas satisfatória. Afinal, com pouco dinheiro, viu uma boa parte do que esta cidade tem para oferecer.
Sumário do Dia 7
- Bilhetes de Metro: 2,90 Eur
Tabela de Despesas de Sete Dias em Lisboa:
[su_row][su_column size=”1/2″]Com Couchsurfing
Dia 1: 27,45 Euros
Dia 2: 6,90 Euros
Dia 3: 6,30 Euros
Dia 4: 26,15 Euros
Dia 5: 4,90 Euros
Dia 6: 0,00 Euros
Dia 7: 2,90 Euros
Total: 74,60 Euros[/su_column]
[su_column size=”1/2″]Em Hostel
Dia 1: 36,45 Euros
Dia 2: 15,90 Euros
Dia 3: 15,30 Euros
Dia 4: 35,15 Euros
Dia 5: 13,90 Euros
Dia 6: 9,00 Euros
Dia 7: 2,90 Euros
Total: 128,60 Euros[/su_column][/su_row]