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Porque decidi regressar ao Quirguistão – Um Itinerário para 22 dias

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QUIRGUISTÃO
QUIRGUISTÃO

Como viajante sinto um forte apelo para regressar a países que de facto me agradaram bastante. Em vez de me concentrar em visitar países diferentes de cada vez que tenho oportunidade de viajar, na maioria das vezes acabo por regressar a outros, onde já estive, e que tenho vontade de conhecer melhor e onde quero explorar áreas que me falharam em visitas anteriores.

Neste artigo do meu blogue escreverei sobre a minha segunda viagem ao Quirguistão. Pode dar uma vista de olhos na página acerca da minha primeira viagem a este país:

» Primeira Vez no Quirguistão: Roteiro para uma Viagem de 10 Dias.

JOGO KOK-BORU NO QUIRGUISTÃO
JOGO KOK-BORU NO QUIRGUISTÃO

Desta vez passei 22 dias no Quirguistão e explorei muitos dos seus mais famosos locais, especialmente na parte ocidental do país. Cruzei a fronteira, vindo do Cazaquistão, e visitei as regiões de Talas, Jalal-Abad e Osh. Por fim, saí para o Tajiquistão através da famosa estrada de montanha de Pamir, a M41.

VISITAR O QUIRGUISTÃO
VISITAR O QUIRGUISTÃO

O país localiza-se numa encruzilhada de rotas comerciais históricas, tendo o seu território sido cruzado ao longo dos séculos por um número considerável de povos que trouxeram as mais notáveis influências aos Quirguizes e ao que é hoje o Quirguistão. Actualmente, muitos viajantes vêm até ao Quirguistão em busca de aspectos culturais únicos, e de ver com os próprios olhos aquilo pelo que o país é afamado: a beleza natural, a simplicidade de movimentação e a generosidade das suas gentes. Na realidade chega-se com facilidade aos lagos e montanhas deste país que tanto tem para oferecer aos turistas que o procuram e os aspectos culturais estão sempre ao alcance dos que aqui vêm.

O Meu Pequeno Vídeo sobre o Quirguistão

Gostei tanto da forma como as pessoas do Quirguistão me davam as boas-vindas, gritando “Bem Vindo ao Quirguistão”, que fiz um pequeno vídeo. São mesmo muito amigáveis!

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Fui ao Quirguistão por duas vezes:

  1. Julho de 2012 – Entrando pelo Uzbequistão e voando de regresso à Polónia
  2. Outubro e Novembro de 2017 – Entrando pelo Cazaquistão e saindo para o Tajiquistão

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[one_half] Itinerário da Primeira Vez no Quirguistão:

  1. Osh
  2. Kazarman
  3. Baetov
  4. Tash Rabat
  5. Koshoy Korgon
  6. Lago Issyk Kul
  7. Tamcy
  8. Tokmok
  9. Bishkek

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[one_half] Itinerário da Segunda Vez no Quirguistão:

  1. Talas
  2. Manas-Ordo
  3. Reserva Natural de Sary Chelek
  4. Uzgen
  5. Osh
  6. Aravan
  7. Parque Nacional Kyrgyz Ata
  8. Kolduk Lakes
  9. Sary-Moghol
  10. Pico Lenine Base Camp e Lagos Tulpar-Kol

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O Que Visitar no Quirguistão – parte 2

1- Talas e Manas-Ordo

TALAS E MANAS ORDO VISITAR O QUIRGUISTÃO
TALAS E MANAS ORDO VISITAR O QUIRGUISTÃO

Talas é uma pequena e pacata cidade, com fortes tradições mercantis. Existe aqui presença humana desde cerca do século IX e acredita-se que foi o local de nascimento de um lendário herói, Manas. A área envolvente é de uma enorme beleza, marcada pelo vale do rio Talas, que se estende entre duas cordilheiras montanhosas. Foi aqui que, em meados do século VIII, um exército Califado Abássida aliado às forças do Khanato de Turgesh derrotou os chineses Tang. Decidia-se assim o controle da Ásia Central, numa batalha que foi a única travada entre Árabes e Chineses em toda a História. A Talas de hoje foi fundada em 1877, então com o nome de aldeia de Dmitrievskoye, por colonos eslavos, que construíram o mais emblemático dos edifícios da cidade: a igreja ortodoxa russa, erigida em tijolo nos anos 20 do século passado. Essa igreja e o seu bonito parque, que se estende ao longo da margem do rio, são os elementos de maior destaque de Talas. Já ao longo do vale, vamos encontrar diversos mausoléus de grande interesse histórico. A forma mais conveniente de chegar a Talas implica passar pelo Cazaquistão, o que infelizmente deverá significar a necessidade de tirar um visto, apesar de existir uma alternativa válida: atravessar a passagem de montanha de Teo-Ashuu, cruzando o vale de Suusamyr e depois rumar para norte, em direcção à estrada Bishkek-Osh.

A apenas 13 km a sul de Talas encontra-se o fabuloso vale de Besh-Tash e o Parque Nacional de Besh-Tash, que abrange uma área de 32 mil hectares. Aqui se encontram as melhores paisagens de montanha do país e a estrada que o cruza passa junto a um canyon e a nascentes de água quente, seguindo o rio Besh-Tash e elevando-se gradualmente pelas montanhas, chegando a uma altitude de quase 3,000 metros, em Talas Ala-Too, antes de chegar à passagem de Terek. A 3,500 metros existem dois maravilhosos lagos de águas cristalinas. O maior chama-se Besh-Tash e da sua orla desfruta-se de magníficas vistas para as montanhas envolventes. Neste Parque Nacional encontram-se petróglifos notáveis e abundante flora e fauna. São mais de 800 espécies de plantas e por aqui vivem animais como o urso castanho, que está ameaçado de extinção. A área pode ser usada como uma base de partida para expedições na zona ou pode ser visitada a partir de Talas. Se o viajante optar por pernoitar por aqui, pode contar com campos de yurts ou simplesmente acampar. Isto se for no Verão, porque no Inverno será mais complicado encontrar opções de alojamento.

Não muito longe de Talas, para leste, encontra-se o Parque Histórico de Manas-Ordos, estabelecido nas margens do rio Kenkol. É aqui que se encontra o mausoléu feito de tijolo do herói épico do Quirguistão, Kumboz Manas. Neste mausoléu, erigido no século XIV, diz-se que estão depositados os restos mortais desta importante figura nacional, e é um lugar venerado por todos os Quirguizes. O edifício encontra-se junto à base de uma colina cerimonial que no passado foi usada pelas sentinelas que observavam os movimentos no vale. Existem duas lendas que envolvem a criação deste mausoléu. Uma, diz que foi o filho de Manas que trouxe até ao lugar o corpo do pai depois de este ter sido morto em Akhyrtash. Segundo outra, o mausoléu é da responsabilidade da viúva de Manas que desejou proteger os restos mortais do seu esposo. Existe por ali também um museu dedicado a Manas e à sua vida e um cemitério da época dos Hunos. Na mesma região encontra-se o lago artificial de Kirov, usado pelo Cazaquistão e pelo Quirguistão na irrigação dos campos agrícolas. As suas margens são local ideal para descansar um pouco, quem sabe acampar por ali, pescando e gozando das vistas envolventes enquanto se reflecte sobre os notáveis feitos deste herói Quirquize.

2- Reserva Natural de Sary Chelek

SARY CHELEK QUIRGUISTÃO
SARY CHELEK QUIRGUISTÃO

A cerca de 300 km de Osh encontra-se a Reserva da Biosfera de Sary Chelek, um lugar de florestas verdejantes que abraça o bonito lago de montanha de Sary Chelek. A Reserva estende-se pela parte oriental da cordilheira de Chatkal, e os seus 23,868 hectares dividem-se em duas partes distintas, sempre com altitudes entre os 1,200 e os 4,250 metros. O lago Sary Chelek é o mais notável de uma série de superfícies de água doce existentes na reserva, que se encontra classificada como Reserva Mundial de Biosfera da UNESCO há mais de 50 anos. As águas do lago revelam uma tonalidade azul-esverdeada e na área existem mais de mil espécies de plantas, 160 espécies de aves e 34 de mamíferos. Ou seja, um paraíso para o amante da vida selvagem que ali encontrará uma cantinho completamente isolado do resto do mundo.

3- Uzgen

UZGEN QUIRGUISTÃO
UZGEN QUIRGUISTÃO

Situado nas margens do rio Kara-Darya, este lugar histórico é um dos núcleos urbanos mais antigos do país. Actualmente é uma pequena cidade e um excelente lugar para fazer uma paragem, distando cerca de 50 km de Osh. Uzgen terá sido fundada por volta do século II a.C. sendo na altura um entreposto comercial integrado na Rota da Seda, fazendo uso da posição estratégica entre o Vale de Fergana e a Kashkar Chinesa. Uzgen tornou-se a capital da potência dominante na região na Ásia Central, o Khanato de Kara-Khanid, um estatuto mantido entre os séculos IX e XIII. A cidade dos dias de hoje divide-se em duas áreas bem distintas: a zona residencial de Nizhny e a parte central, Verkhny, onde existe um parque monumental, cinemas, lojas, escritórios e um bazar. As pérolas arquitectónicas da cidade concentram-se no ex libris de Uzgen, um complexo datado do século XII com três mausoléus bem preservados, uma mesquita, um minarete de 44 metros e uma madraça. Apesar de ter apreciado os muitos minaretes que se elevam em Uzgen, gostei mesmo foi de explorar as ruínas da sua antiga fortaleza, os túmulos e tombas de santos. A maioria destes tesouros históricos foi restaurado por entidades internacionais e por tudo isto Uzgen ocupa uma posição de destaque no mapa de lugares a visitar no Quirguistão. Já agora, uma dica: ao explorar as ruas da cidade e enquanto absorve a atmosfera histórica que ali impera, não deixe de experimentar o delicioso plov de Uzgen.

» Veja ainda o guia de viagem para visitar Uzgen.

4- Osh

OSH QUIRGUISTÃO
OSH QUIRGUISTÃO

Dominando o Vale de Fergana e servindo de pano de fundo a Osh, a Montanha de Salomão (Soleiman Too) é um lugar de peregrinação e um sítio classificado como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO. Acredita-se que foram aqui enterrados os restos mortais do profeta Suleyman Sheikh e é actualmente o melhor exemplo de montanha sagrada da Ásia Central. Depois de Meca e de Medina, este é considerado o lugar mais sagrado pelos habitantes muçulmanos de toda a Ásia Central.

No sopé da montanha encontrará um cemitério, onde se destaca o túmulo de Asif ibn Barkhya (séculos XI-XVII) de quem se diz ter trazido o trono da Rainha de Sheba ao Rei Salomão; existe ali também a mesquita Ravatt Abdullah Kahn (séculos XVII – XVIII), a mesquita Mohammed Yusuf Bayhodzhi-Ogly (1909), a majestosa nova mesquita de Osh com dupla cúpula e quatro minaretes e um dos maiores museus do Quirguistão, o Complexo Museológico de História Nacional e Arqueologia Sulayman (1978), talhado no flanco da montanha e contendo mais de 33,000 peças. Seguindo um caminho que circunda a montanha, encontra-se uma pequena gruta onde, segundo a lenda, caem as lágrimas de Salomão do seu tecto. Ali existe também um museu cuja exposição incide sobre achados arqueológicos em redor da cidade. Depois de se subir um pouco pela montanha vai-se chegar à mesquita Dom Babura (1510), construída pelo rei adolescente do Vale de Fergana que mais tarde fundou a poderosa dinastia Mogul da Índia.

Em Suleiman-Too vamos também encontrar cerca de cem locais com petróglifos datados de há 6,000 anos e uma série de lugares de culto aonde desde há milhares de anos os humanos se têm deslocado para prestar tributo aos deuses. No topo da montanha existe um posto de observação e um templo único, a colorida Mesquita Suleiman. Ali por perto encontra-se um museu arqueológico e um outro, dedicado à Grande Rota da Seda, que ilustra o passado glorioso do Quirguistão quando estas terras eram essenciais para esta importante rota mercantil.

Se ainda tiver um tempo disponível pode visitar outros museus que se encontram no centro de Osh: O Museu Regional de Osh de Belas-Artes, a sudeste da Montanha de Suleiman, próximo da mesquita Ravatt Abdullah Kahn, que em tempos foi o maior lugar de culto da cidade. A Igreja Ortodoxa Russa do Arcanjo Miguel, localizada num pitoresco parque junto à rua Kurmanjan Datka e, por fim, a Casa e Mesquita Sadykbay. Quem quiser preparar umas expedições de dia inteiro a partir da cidade, terá muito por onde escolher, sempre com o maravilhoso cenário das montanhas Quirguizes a servir de fundo. Vou falar de seguida dos meus lugares favoritos nas imediações da cidade.

» Veja ainda o guia de viagem para visitar Osh.

5- Aravan

ARAVAN QUIRGUISTÃO
ARAVAN QUIRGUISTÃO

Aravam é uma pequena cidade próximo de Osh e diversas pinturas rupestres podem ser observadas nas falésias rochosas na parte norte da localidade. O mais famoso petróglifo é o chamado Cavalos Celestiais de Aravan, datado do século I a.C..

6- Parque Nacional Quirquize Ata

PARQUE NACIONAL KYRGYZ ATA QUIRGUISTÃO
PARQUE NACIONAL KYRGYZ ATA QUIRGUISTÃO

Parque Nacional Quirquize Ata é dotado de uma imensa beleza natural e é muito procurado pelos turistas locais que especialmente no Verão se deslocam até aqui para escapar do calor abrasador do Vale de Fergana. Visitar o local a partir de Osh é perfeitamente possível, entrando-se pelo vale mais a sudeste do Parque. Esta reserva natural ocupa uma boa parte da encosta norte da serra de Alay, uma área conhecida pelas suas belas florestas de zimbro. Para além das espécies animais protegidas, incluindo diversos tipos de aves, o Parque oferece um leque único de grutas, monumentos históricos, vestígios de civilizações antigas e necrópoles. Descontraia na quietude das montanhas, dê uma volta pelos desfiladeiros e aproveite as possibilidades do Parque para uma boa caminhada ou um passeio a cavalo.

7- Lagos Kolduk

LAGOS KOLDUK QUIRGUISTÃO
LAGOS KOLDUK QUIRGUISTÃO

Se está à procura do seu próprio pedacinho do Paraíso para passar uns tempos, então não pode deixar de passar algum tempo na zona dos lagos de Osh, especialmente o maior, Lago Kolduk, mas também o menor, o Kichi Kolduk. A menos de 10 km da estrada principal, acessíveis através do estradão de terra batida que sai da povoação de Gul’cha, os lagos encontram-se já no distrito de Alay, junto à fronteira com a China, a leste, e não muito longe do Tajiquistão, a sul. A região tem-se mantido intocada pelo Homem, com excepção para uns quantos yurts junto ao lago Kichi Kolduk. Ao chegar ficará perante um um outro mundo, uma coisa fascinante, com aqueles dois lagos de águas azuis diante de si. As suas superfícies reflectem o verde das bonitas montanhas que os envolvem, e perante si terá uma completa gama das melhores cores que a Natureza tem para oferecer! Os lagos de Alay são um local ideal para relaxar e retemperar energias, especialmente depois dos desgastantes dias que se terão passado a caminhar entre as montanhas em Asan Korgon e Karashagyl. Os lagos são considerados sagrados e consumir bebidas alcoólicas é estritamente proibido, não se aconselhado os nadadores a afastar demasiado das orlas. A água costuma estar bastante fria. Afinal de contas os lagos são abastecidos pelas águas que provêm de glaciares, que durante o Verão derretem um pouco.

8- Sary-Moghol

SARY MOGHOL QUIRGUISTÃO
SARY MOGHOL QUIRGUISTÃO

Esta pequena aldeia situa-se à beira da estrada A372, a apenas alguns quilómetros de distância de Sary-Tash, no Vale Alay, a sul do Quirguistão. Sary-Moghol oferece grandes vistas sobre as montanhas da região, mas é útil sobretudo como base para partir à conquista do Pico Lenine, chegando-se dali ao Campo de Base dessa famosa montanha. É também uma boa base para explorar os lagos de Tulpar-Kol. A não perder aqui é o mercado local e as pequenas lojas que o rodeiam. As pessoas são gentis e devido ao crescendo do turismo na região, algumas até falam um pouco de inglês. A partir de Sary-Moghol estão disponíveis uma série de passeios, seja com veículos todo o terreno seja simplesmente a pé.

9- O Campo de Base do Pico de Lenine e os Lagos Tulpar-Kol

TULPAR KOL QUIRGUISTÃO
TULPAR KOL QUIRGUISTÃO

Apesar de ser uma ascensão algo complicada, o montanhista que se encontrar em boa forma será amplamente recompensado ao chegar ao cume do Pico Lenine. Antes, porém, poderá desfrutar das maravilhas do Vale Alay, onde encontrará vastas terras montanhosas recheadas de yurts, pastores e respectivo gado, yaks selvagens, campos dotados de energia eléctrica, ampla vida selvagem e uma fabulosa flora, para além das sempre presentes vistas para as montanhas e para os glaciares da região. Muitas pessoas conduzem de Osh para o Campo Base do Vale Alay, Achyk-Tash, durante o Verão. Ou ficam simplesmente na aldeia de Sary-Moghol, que foi recentemente dotada com uma boa estrada. No sopé do Pico Lenine, para além de pequenos lagos, encontramos o mais amplo Lago Tulpar-Kol, bem em frente do campo base. Esta região oferece várias hipóteses, com diversos trilhos para caminhar, esquiar ou andar a cavalo nas montanhas Chon—Alay, atingindo uma altitude já nada modesta de 7,130 metros!

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