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Essaouira é uma cidade localizada na Costa Atlântica de Marrocos. Essaouira é a antiga cidade que levava o nome de Mogador. Durante séculos foi ocupada por diversos invasores. Em 1506, o Rei de Portugal mandou construir uma fortaleza chamada de “Castelo Real de Mogador”.
Durante o tempo que estive nesta cidade, tive oportunidade de visitar os pontos turísticos de Essaouira, e explorar o local a fundo. Visitar Marrocos e não passar por Essaouira, é deixar para trás um destino importante que vale a pena conhecer.
Visitar Essaouira Marrocos
A Medina de Essaouira, é um local historicamente protegido e incluído na lista Património Mundial da Humanidade pela UNESCO. É um exemplo excelente e bem conservado de arquitectura fortificada Portuguesa do século XVI até ao século XVIII, transferida para o Norte de África.
Essaouira é um dos meus destinos preferidos em Marrocos, incluído no meu TOP 10 para visitar. Esta cidade tem um ambiente excelente, relaxado e com uma arquitectura muito bonita e fotogénica.
As pequenas ruas dentro das muralhas, o mercado do peixe e o porto fazem alguns dos sítios a não perder. Há uma noite muito movimentada com alguns cafés, muitos restaurantes e uma praça central muito animada.
É o lugar ideal para ficar pelo menos 2 ou 3 dias, com algumas explorações fora da cidade e às praias vizinhas durante esse tempo. Esta é uma zona fantástica para desportos com água: Surf, Kite-Surf e Body-Board.
Melhores atrações de Essaouira
- Medina antiga
- Muralhas da cidade
- Porto de pesca
- Museu Mohammed ben Abdallah
- Aldeia de Zaouiet Bouzarktoune
- Praia Tagharte
- Cemitério Judeu
- Cemitério cristão de Mogador
- Sinagoga Simon Attias
- Sinagoga Chaim Pinto
- Sinagoga Slat Lkahal
- Skala du Port
- Ilha de Mogador
Dicas de Viagem
- Acorde cedo e seja o primeiro a entrar nos melhores destinos de Essaouira, nos monumentos, museus ou outros locais de interesse.
- Almoce peixe assado nos restaurantes de rua junto ao porto de pesca.
- Saia à noite para música ao vivo nos inúmeros terraços de restaurantes.
- Não perca o Festival de Música Gnawa de Essaouira.
- Explore a medina antiga.
- Visite o porto de pesca quando os pescadores regressam da faina.
Essaouira: Um Pouco de História
Mogadoro. Esse remoto porto da costa marroquina, nascido em redor de um forte por ali construído pelos portugueses, no ido ano de 1506. A expansão portuguesa dava os primeiros passos, o sonho de Marrocos preenchia ainda o imaginário dos portugueses, desejosos de controlar e explorar as riquezas que o comércio que por ali passava trazia.
Ainda se estava longe da catástrofe de Alcácer-Quibir, que em 1580 custou a vida ao rei Dom Sebastião e a independência ao Reino de Portugal. Foi em 1525, uns meros nove anos após a sua construção, que os mouros conquistaram aquela praça-forte. Não mais voltou ao controle dos portugueses. E com o tempo passou a ser conhecida como Essaouira.
Apesar da sua fundação remontar ao século XVI, apenas a partir de 1760 a cidade ganhou forma. Antes, era apenas uma praça-forte, mas com o estabelecimento das muralhas que hoje envolvem a medina, mandadas construir pelo sultão Sidi Mohammed Ben Abdalah, Essaouira nasceu efectivamente como cidade.
Encontra-se aliás aqui a resposta para os mais curiosos, que se interrogam sobre a planta geométrica que caracteriza esta medina, tão incaracterística da região, onde os núcleos históricos costumam ser aglomerados caóticos de ruelas sem lógica aparente. É que o sultão entregou o projecto a um arquitecto militar francês, Theodore Cornut, que, claro, aplicou o modelo de ruas perpendiculares e paralelas à “nova” cidade.
O auge de Essaouira deu-se durante o século XIX, quando era o único porto marroquino aberto ao comércio com o Ocidente a sul de Tânger. Encorajados pelas condições comerciais, uma série de mercadores ingleses estabeleceu-se na cidade, enquanto crescia a comunidade judia no bairro kasbah.
Os tempos do Protectorado Francês foram de declínio para Essaouira, que viu a sua importância ser gradualmente transferida para Casablanca. Depois da independência total de Marrocos o êxodo da comunidade judia acentuou a decadência da cidade.
A última página da história de Essaouira que temos para virar leva-nos até às décadas de 60 e 70 do século XX. Por essa altura foi a cidadezinha invadida por uma onda de hippies, especialmente europeus, que construíram ali uma sólida comunidade. Com o decorrer dos anos o espírito dessa idade de ouro foi-se perdendo, os old timers desapareceram, engolidos pelo tempo ou por outros desejos.
Hoje em dia nota-se apenas que entre os estrangeiros que se encontram em Essaouira existe muita gente “alternativa” que o consumo de drogas leves é considerável. É comum ver jovens locais a consumir haxixe e os vendedores de “bolos” que no seu tabuleiro apontam para a opção “certa”.
Quando visitar Essaouira
A melhor altura para visitar Marrocos, de forma geral, é nos meses que antecedem o Verão, Abril ou Maio ou, em alternativa, nos que se seguem, como Setembro ou Outubro. Mas Essaouira tem uma vasta praia, por isso, se tem mesmo que vir nos meses quentes, pode aproveitar o oceano para se refrescar.
Mesmo o Inverno poderá ser uma opção. É verdade que esta simpática cidade costeira não atrai as multidões que acorrem a Marrakesh, Rabat ou Fes, mas visitar na época baixa permite-lhe estar mais rodeados de locais e com menos turistas por perto. Além disso os preços da hotelaria são mais agradáveis. O Inverno não costuma ser rigoroso por aqui. Há alguma probabilidade de chuva, os dias serão mais frios mas de forma geral não se está mal.
Lugares para visitar em Essaouira
Essaouira tem imenso para ver, por isso é conveniente organizar um pouco a sua visita para conseguir ver o máximo possível, de forma mais organizada, contribuindo assim para usufruir de umas férias mais proveitosas.
Depois de se instalar no hotel escolhido, o melhor será começar por uma visita ao Posto de Turismo, localizado na Avenue du Cairo. A documentação disponível costuma ser excelente, incluindo um mapa com alguns circuitos para percorrer a pé, onde todos os pontos significativos de Essaouira se encontram marcados.
1. Medina de Essaouira
A Medina Antiga de Essaouira começou por ser chamada por “Mogador”, cujo nome é proveniente da palavra fenícia “Migdol”, a qual tem como significado – pequena fortaleza.
A sua construção é, evidentemente, uma obra militar de modelo europeu, que fundiu bastante bem com elementos arquitectónicos árabes. Sempre teve um importante papel, desde os tempos de outrora até aos dias de hoje, uma vez que representa um porto comercial que trabalha internacionalmente, ligando Marrocos à Europa e restante mundo. Por muito tempo, foi conhecido por Porto de Timbuktu, o qual teve os seus momentos áureos durante os séculos XVIII e XIX. Aqui vivem e co-existem imensos grupos étnicos e religiosos desde sempre, nomeadamente árabes, africanos e europeus, os quais acreditam nas religiões muçulmanas, cristãs e judaicas. Este lugar é um exemplo bastante bem preservado de uma cidade portuária e fortificada pelos europeus, remontando-nos ao século XVIII.
Em 2001 a UNESCO atribuiu à medina de Essaouira o estatuto de Património Mundial da Humanidade, fundamentando a classificação na combinação única de elementos arquitectónicos europeus e árabes.
A maioria das pessoas chegará provavelmente pela porta Bab Marraquexe, em frente à qual se encontra a estação de autocarros da Supratours. Do lado esquerdo existe um mercado de artesanato de interesse limitado, mas a rua que se segue à porta é fascinante, sendo uma primeira abordagem ao ambiente da media. Mais à frente encontra uma das duas vias principais da cidade antiga de Essaouira, que correm paralelas de Nordeste para Sudoeste (a Avenue de l’Istiqlal/Avenue Mohammed Zerktouni e a Rue Sidi Mohammed Ben Abdallah). Ali, onde se dá o cruzamento, encontra-se uma mesquita. Do lado de lá da rua, o mercado do peixe e das especiarias.
Se olhar para a direita o visitante poderá avistar a porta Doukkala, um dos últimos locais em Marrocos onde até há pouco tempo se preservou a tradição dos contadores de estórias, enquanto que para o seu lado esquerdo encontrará a Grande Mesquita e os espaços amplos que envolvem a zona da Torre do Relógio. É também para esse lado que se localizam os melhores cafés e hotéis da medina.
As ruas principais estão repletas de comércio tradicional, muito dele vocacionado para os turistas, mas também com muitas lojinhas locais.
2. As Mesquitas
No espaço da medina encontram-se precisamente treze mesquitas. Entre estas destaca-se a Sidi Mohamed ben Abdellah, a mais antiga e a única que foi construída na primeira fase de desenvolvimento de Essaouira, em 1764. A mais imponente é a mesquita Ben Youssef, que ocupa uma área de 2.000 m2.
Para além das mesquitas, encontram-se na medina numerosas zaouias (escolas ou mosteiros islâmicos) com destaque para a Hamadcha zaouïa (datada do século XVIII), a Sidna Bilal zaouïa (fundada pela Irmandade Gnawa) e a Aïssaoua zaouïa, a mais importante de todas.
3. Praça Moulay Hassan
A Place Moulay Hassan é o centro funcional da medina. A ampla praça foi construída após a destruição da Porta Al Achour e da demolição de uma boa parte do Palácio Imperial. Desde então foi cenário para os grandes eventos que tiveram lugar em Essaouira, incluindo manifestações políticas e paradas militares.
É aqui que todos os anos, em finais do mês de Junho, tem lugar o famoso Festival de Música Gnaoua, considerada a raiz dos blues e do jazz.
Em redor da praça encontram-se os principais cafés da cidade, incluindo o mais antigo de todos, o Café du France, um clássico que ainda hoje tem uma clientela que parece saída de todos os tempos.
4. Souks de Essaouira
Entre as praças Le Joutia e Marché de Grains há uma pequena viela onde estão instalados os alfaiates da cidade, que poderão preparar-lhe um fato completo de um dia para o outro.
Mas voltando às praças: na Le Joutia, a mais pequena das duas, há uma feira da ladra diariamente, com muito animação de manhã, quando chegam a haver leilões de velharias. Na Marché de Grains, assim chamada por ali se realizar em tempos idos o mercado de cereais, apenas um par de vendedores de milho resiste. A maioria do comércio naquele espaço é de especiarias, uma exportação do Souk de Especiarias ali ao lado, que na realidade evoluiu a partir do mercado de lã que ali se realizava durante os séculos XIX e XX. Actualmente apenas um vendedor de lã resiste. Diz-se que ali vai todos os dias desde 1954. No exterior da sua loja podem-se ver (e comprar) velhas máquinas de tecelagem e balanças.
Perto da Skala de la Ville, na rue de Skala, existe uma concentração notável de lojas de artesanato de madeira, uma especialidade de Essaouira, onde o thuya, uma espécie de mogno, é trabalhado magistralmente. Podem ali ser comprados elementos decorativos, peças de mobiliário e até jogos de xadrez.
5. Bairro Judeu
Na zona nordeste da medina encontra-se o mellah, o bairro judeu. É uma área decadente, onde se encontram os mais desfavorecidos elementos da comunidade. Com a partida dos judeus para Israel, após a fundação do Estado hebraico, esta zona de Essaouira foi praticamente abandonada e hoje em dia muitas das casas são autêntica ruínas.
Para além de velhas estrelas-de-David gravadas sobre algumas portas, existem três pequenas sinagogas, simples locais de culto de outros tempos, que podem ser visitadas.
É o caso da Slat Lkahal (119 Rue du Mellah), construída em 1850, geralmente fechada, mas com um cartaz com um número de telefone para quem desejar mesmo visitar; foi restaurada em finais de 2016 sob a coordenação do senhor Haim Bitton, que tenta manter o local disponível para os visitantes.
A sinagoga Simon Attias, datada de 1882, encontrava-se também em renovação em finais de 2016. Encontrava-se encerrada desde 2009, mas deverá albergar o Museu do Judaísmo.
6. Centro Cultural Dar Souiri
O Centro Cultural Dar Souiri poderá merecer uma visita. É desde 1992 a sede da Association Essaouira Mogador, um núcleo dinamizador de cultura sedeado neste belo edifício, construído no século XIX e sede de governo local no tempo do domínio francês.
Esta casa senhorial representa a união de conceitos arquitectónicos que valeram à medina de Essaouira a denominação UNESCO de Património Mundial da Humanidade: dos princípios árabes foi adoptado o estilo da entrada, a decoração interior e as colunas, enquanto as muitas janelas para o exterior revelam a influência francesa. A sala de espectáculos Dar Souiri é com regularidade palco de concertos e actuações culturais, mas mesmo quando não está nada agendado, vale a pena visitar. Além de mais, existe aqui Wi-Fi de acesso livre, que dá sempre bastante jeito.
7. Borj Bab Marraquexe
Para muitos dos visitantes de Essaouira, aqueles que chegam no autocarro da Supratours, esta será a primeira visão do património histórico da cidade. Trata-se de uma imponente torre defensiva, pintada em tons de vermelho escuro, localizada junto à Porta de Marraquexe.
Foi mandada construir em 1846 pelo sultão Moulay Abderrahmane Ben Hicham, com a intenção de proteger a medina de ataques provenientes de Este e Sudeste. O seu interior servia nessa altura como espaço de armazenamento de pólvora.
Com a ocupação francesa a torre foi transformada em caserna com um espaço a funcionar como estábulos militares. Actualmente a torre tem uma função cultural, com um espaço de exposições usado frequentemente por artistas marroquinos mas também estrangeiros.
8. Muralhas de Essaouira
Essaouira tem um centro histórico integrado na lista da UNESCO – Património da Humanidade, de uma beleza incrível. Imagine uma cidade que nos leva atrás no tempo, à época medieval, cujas muralhas, bastante bem conservadas, encontram-se enfeitadas de muitas flores coloridas, com o Oceano Atlântico a preencher o restante cenário. Proporciona um momento bastante harmonioso. Este lugar foi construído pelos portugueses, aos comandos de Diogo de Azambuja, que aqui chegaram em 1506 e construíram o Castelo Real de Mogador. E com ele, as suas muralhas. Após os marroquinos terem ganho a batalha contra os portugueses, este lugar não passava de um simples porto, mas foi no século XVIII que o sultão decidiu fazer daqui, o porto principal marroquino para exportar e importar mercadorias. É um lugar bastante turístico, onde os turistas podem ver as muralhas acompanhadas pelas antigas peças de artilharia dos portugueses de outrora, assim como por uma igreja e as fortificações na Ilha do Mogador. Não perca este belíssimo pôr-do-sol cheio de história.
As Muralhas – Porto
Chamado de Skala du Port, este bastião oferece vistas magníficas sobre a doca de pesca e a faina dos pescadores. Um turbilhão de gaivotas envolve a torre que domina a entrada no porto. O bastião foi construído em 1764, sob o comando do sultão Sidi Mohammed Ben Abdallah. A muralha tem cerca de 200 metros, feita de duas alas que se tocam. No terraço superior salientam-se as quatro guaritas, uma em cada canto, e os velhos canhões ainda nas suas posições. O acesso ao bastião é pago, custando 10 dirhams, estando aberto entre as 9 e as 17:30.
Skala du Port é uma das principais fortificações de Essaouira, traduzida numa plataforma de artilharia, que remonta ao século XVIII. Este complexo militar foi realizada com as pedras do antigo castelo real. É monumento histórico desde 1924, o qual foi bastante importante na defesa de Mogador aquando a guerra entre França e Marrocos. Esta construção é acompanhada também por um conjunto de artilharia invejável, uma vez que tem um conjunto de canhões de bronze fabricados na Espanha e alguns, na Holanda, sendo que estas armas medem cerca de três metros de comprimento.
As Muralhas – Medina
Uma boa parte da face da medina virada para o mar encontra-se muralhada, apesar de apenas um segmento se encontrar aberto ao público. Chama-se Skala de La Ville ou Skala de la Kasbah e encontra-se sempre acessível, apesar de algumas partes poderem ser barradas pelo pessoal da segurança municipal quando o mar se torna mais violento.
Para se chegar à Skala de La Ville o melhor será vir da Praça Príncipe Moulay el Hassan e virando para norte na via que se encontra na extremidade da praça.
A Skala de La Ville é o sítio ideal para observar pessoas. Ali acorrem, sobretudo ao final da tarde, as pessoas de Essaouira. Claro que existem outros pontos de reunião, mas os bastiões são um local social, onde se vai para ver e ser visto, para namorar, para encontrar amigos.
Rapazes solitários posicionam-se nas muralhas, procurando os melhores recantos para mirar as moças que passeiam, geralmente em grupos de amigas. Há artistas que ali exibem os seus trabalhos, esperançosos numa venda que salve o dia. E o mar, esse, se estiver de feição, oferece um espectáculo inesquecível, com as ondas a colidir com a base das muralhas e a levantar enormes colunas de água e espuma branca.
Entre as ameias encontram-se os canhões que por finais do século XIX foram oferecidos por mercadores ao sultão Sidi Mohammed Ben Abdallah. Entre eles existem alguns exemplares com a marca da Casa Real Portuguesa.
O passeio termina no Bastião Norte, que encerra ao final do dia e de cada vez que o mar está mais agitado. Um excelente local para se ver o pôr-do-sol.
Foram aqui filmadas algumas cenas da popular série televisiva Games of Thrones. Não foi a primeira vez que Essaouira foi escolhida como cenário de grandes produções. Othello de Orson Wells (1952), tem a sua cena de abertura nestas muralhas. Uma curiosidade: esta obra do grande realizador revelou-se um fiasco comercial, sendo em parte retratada pela comunidade de críticos quando em 1992 a sua filha lançou uma enorme campanha de promoção do filme, na qual se incluiu uma projecção em Essaouira que contou com a presença do rei (na altura príncipe) Mohammed VI.
9. O Porto de Pesca
Bem junto à medina encontra-se a doca que abriga os barcos de pesca. Chega-se através do Portão Marítimo e logo ali à frente, junto da entrada da Skala du Port, vemos uma frota de pitorescos botes, todos pintados de azul, aglomerados numa massa cromática homogénea que resulta em excelentes fotos. Se o visitante acordar cedo e tiver sorte, poderá ver a saída ou a chegada da faina desta incrível frota. Mas os pescadores são prudentes e só nos dias de calmaria decidem que estão reunidas as condições para que estas pequenas embarcações saiam para o mar.
Poderá caminhar pelo pontão onde se encontram acostadas as traineiras, de maiores dimensões, onde se podem ver os homens nas pequenas tarefas do seu trabalho, reparando redes ou concertando detalhes dos navios. Tenha em consideração que – talvez por superstição – os pescadores aqui não são muito amigos de serem fotografados, mesmo que apenas de uma forma abrangente.
Se tiver condições para cozinhar, é possível comprar aqui algum pescado, apesar de não existir uma praça. Mas há sempre alguma coisa à venda, sob o olhar atento dos muitos gatos que por ali rondam.
10. O Cemitério Cristão
Do lado de fora das muralhas da medina, virando à esquerda ao se sair pela porta Bab Doukkala, existe um curioso cemitério cristão. Trata-se do único espaço deste género na cidade e foi criado em 1745. Nos séculos que se seguiram, cada cristão falecido em Essaouira foi aqui enterrado, existindo uma interessante variedade de nacionalidades e ocupações, com especial destaque para pessoal diplomático e mercadores.
O cemitério encontra-se algo negligenciado, mas está agora melhor, depois de uma intervenção dirigida pela High Atlas Foundation que retirou entulho e vegetação intrusiva, limpou o recinto e restaurou algumas das campas mais maltratadas.
O cemitério encontra-se geralmente aberto ao público e é de ingresso livre, embora o guardião do espaço possa por vezes sugerir uma pequena gratificação. 10 ou 20 Dirhams serão adequados.
11. O Cemitério Judeu
Fora da medina mas não muito longe da porta Bab Doukkala, com acesso pela Av Molay Hicham, encontra-se o Cemitério Judeu de Essaouira. A visita a este espaço não é linear. O portão pode estar aberto… ou não. E neste segundo caso, poderá talvez conseguir chamar a atenção de quem toma conta do cemitério.
Apesar de estar mais bem tratado do que o cemitério cristão, não existe informação disponível para os visitantes. Os mais atentos encontrarão o túmulo do carismático líder judeu Rabbi Pinto, mas para quem está por fora dos assuntos da comunidade judia, resta passear por entre as campas e sentir o ambiente.
12. As Praias
Desde as portas da medina, estendendo-se para sul, existe uma vasta praia de areia compacta, que vai até onde a vista alcança. É excelente para refrescar nos dias quentes, mas para quem está de passagem é também um óptimo local para observar. Os locais passeiam na praia com frequência e ao fim do dia o areal enche-se de partidas de futebol que sem primarem pelos atributos técnicos são um grande espectáculo. Note que os forasteiros costumam ser bem-vindos às peladinhas.
É natural o turista ser abordado na praia por gente que propõe um passeio de camelo ou de cavalo, sendo uma opção a tomar. De resto, os animais e os seus tratadores oferecem sempre boas fotografias.
Mais discreta é a praia que se estende para norte, conhecida como Plage de Safi, de acesso mais complicado. Além disso, em dias ventosos, o mar ali torna-se perigoso e deve-se evitar ir a banhos. Por outro lado estes condicionamentos fazem desta praia um paraíso deserto, ideal para quem gosta de estar sozinho com a natureza.
Toda a costa envolvente é bastante ventosa, oferecendo condições ideais para a prática de desportos aquáticos como o windsurf ou o kitesurf. O vento sopra todo o ano, de nordeste, e é especialmente forte nos meses do Verão. Por outro lado a baía de Essaouira e a pouca profundidade da água junto à praia fazem da praia um excelente local de iniciação a estas actividades. Existe na cidade um número considerável de escolas de desportos aquáticos e de lojas com artigos para a sua prática.
13. Borj el Oued
Para quem gosta de caminhar, poderá partir de Essaouira, pela praia, dirigindo-se para sul. Convém informar-se sobre as marés, porque terá que cruzar um riacho que desagua no mar e se a maré estiver cheia poderá ser impossível de atravessar. Verá depois os restos de uma fortificação, erigida ali pelo sultão Sidi Mohammed Ben Abdallah, aparentemente sobre os restos de um farol da Antiguidade. A estrutura colapsou em 1856, devido à cheia do rio Oued Ksob que abalou as suas estruturas.
O Bordj el Oued é conhecido como O Castelo na Areia e diz-se, erradamente, que o tema de Jimmi Hendrix “Castles Made of Sand” foi inspirado neste local. Impossível: a música foi publicada em 1967 mas só em 1969 o músico visitou, brevemente, Essaouira.
No total, saindo da medina, são pouco mais do que 3 km para cada lado.
Diabat
Um pouco mais para a frente e para o interior, encontra-se a aldeia berbere de Diabat, que poderá ser alcançada numa boa caminhada. Já foi um refúgio hippie e diz-se que aqui passaram tempo Jimmi Hendrix e Cat Stevens. Hoje o carácter de Diabat encontra-se abalado pelo enorme campo de golfe que foi construído em redor da aldeia.
14. A Ilha de Mogador
Frente a Essaouira, a umas centenas de metros, e bem visível das muralhas, encontra-se a Ilha de Mogador. Teoricamente não é possível visitar sem atravessar um longo percurso burocrático: primeiro, é preciso uma permissão (permit d’autorisation) da Province, o que pode ser requerido no Boulevard Mohammed V. A seguir é preciso autorização do Capitão do Porto, cujo escritório se localiza perto do Portão Marítimo, e para a obter é pelo menos necessário que as marés e a previsão meteorológica sejam favoráveis. Por fim é preciso encontrar um pescado que leve o visitante até à ilha. Será boa ideia não pagar antes de ser recolhido para a viagem de regresso.
E vale o esforço? Bem, o que vai encontrar na ilha são sobretudo traços de uma presença humana que já não existe. Nos dias de hoje vive por lá uma significativa comunidade de Falcões de Eleonora, especialmente activos em Abril e Maio, quando regressão do Inverno em Madagáscar, altura em que será mais complicado obter a autorização.
A Ilha de Mogador é considerada uma das principais ilhas marroquinas. Tem cerca de três quilómetros de comprimento, acompanhados por um metro e meio de largura e que fica a cerca de dois quilómetros de Essaouira. Foi o cartaginês Hanno que, no século V a.C., criou aqui um posto comercial, traduzindo este lugar num ponto de comércio bastante importante para este território desde aí. Por aqui passaram imensos povos do mundo inteiro, nomeadamente romanos, fenícios, cartagineses, entre outros. Hoje em dia, a Ilha de Mogador encontra-se classificada como reserva natural, motivo pelo qual se estiver interessado em visitar este lugar, terá de pedir uma autorização oficial às entidades competentes. Para quem gosta de fazer observação de aves, é de referir que existe nesta ilha uma enorme comunidade de falcões (falcão-rainha).
Existem na ilha seis bastiões, a maioria construídos nos finais do século XVIII por ordem do sultão Sidi Mohammed ben Abdallah. Há ruínas de uma mesquita e de uma prisão ali instalada em 1897 para “albergar” elementos de uma tribo rebelde. Mais tarde a estrutura do presídio serviu de campo de quarentena para os peregrinos que regressavam de Meca e que eram obrigados a permanecer na ilha durante quarenta dias.
Os amantes de aves podem usufruir de um passeio em redor da ilha em qualquer altura e sem serem necessárias autorizações. Ali podem ser observadas diversas espécies para além dos raros falcões.
15. Museu Mohammed Ben Abdallah Sidi
O Museu Mohammed Ben Abdallah Sidi é um museu de história localizado em Essaouira, cujo nome é uma homenagem ao fundador da cidade, Mohammed ben Abdallah. Este museu fica localizado num rua central da cidade, e está instalado numa mansão do século XIX.
No coração da medina, entre o mellah e o kashbah, bem perto do posto de correios, está instalado o Musée Sidi Mohammed ben Abdallah (rue Laâlouj). A colecção do museu é constituída por moedas antigas, tapetes marroquinos, armas, instrumentos musicais, roupas tradicionais e fotografias pioneiras. Além disso o museu está instalado numa mansão de dois andares, construída no século XIX, que foi restaurada recentemente. Encerra às Terças-feiras, aberto das 8 às 17, e o bilhete custa 10 Dirhams.
Aqui poderá conhecer imensos objectos antigos que contam a história de Marrocos ao longo dos tempos, especialmente artefactos de cerâmica, moedas, jóias, tapetes, vestuário, instrumentos musicais, entre outros. Vale imensa pena visitar este museu, pois acredite que vai ficar encantado tanto com as exposições como com a arquitectura do edifício, para além de compreender melhor a cultura deste país. Aqui poderá conhecer em especial, a cultura berbere, uma vez que se encontra bastante bem documentada os seus rituais e tradições através de materiais explicativos e fotografias, tal como de artigos provenientes deste grupo-étnico.
Alojamento em Essaouira
O mais complicado é escolher o local onde dormir em Essaouira. Em princípio quererá ficar no interior da cidade antiga mas longe do bulício das vias principais. Fora de muros encontram-se os hotéis modernos, que nunca teriam o espaço de que necessitam para surgir dentro da cidadela.
Se preferir esta modernidade, tem o Hotel Thalassa, de cinco estrelas, localizado bem perto da medina, com quartos desde os 80 Euros.
No interior da cidade antiga o Riad Bab Essaouira parece ser a opção perfeita, com preços atractivos (por vezes, apenas 25 Euros) e uma qualidade acima do valor pago. O seu terraço é magnífico e um bom pequeno-almoço encontra-se incluído na diária.
O Dar Latigeo, propriedade de um velho francês, George, com ar de cidadão do mundo e muitas histórias para contar que divide a gestão do espaço com Latifa (daí o nome do hotel, LATIfa + GEOrges), a sua esposa marroquina, é também uma boa aposta. A localização não poderia ser melhor, numa rua pouco frequentada da medina, bem no seu centro. Os preços são muito agradáveis, desde os 20 Euros, e o pequeno almoço é magnífico.
Comer em Essaouira
Na culinária marroquina, encontram-se os petiscos característicos deste país: encontram-se tajines excelentes, especialmente nas pequenas tascas onde os locais comem, mas também pratos de cuscuz e de pastilla.
Essaouira tem o terceiro porto de pesca mais importante de Marrocos, a seguir a Agadir e a Safi, e é portanto com naturalidade que abundam as opções com sabor a mar. Perto do porto existem uma série de restaurantes dedicados a pratos de peixe e se quiser algo mais requintado, poderá dirigir-se aos estabelecimentos com vista para o mar, já junto à praia.
Na medina existe uma surpreendente quantidade de restaurantes que merecem uma visita. O La Maison du Cinéma (14, Rue laalouj) poderá não ter a cozinha mais refinada, mas apresenta um conceito refrescante, com projecção de filmes ao jantar, podendo-se ir apenas para beber um copo e assistir à película.
Para um ambiente mais requintado com um primor gastronómico a condizer com o preço dos pratos, a escolha poderá incidir sobre La Table by Madada (7 Rue Youssef El Fassi).
Dentro da gama média, o mais popular estabelecimento é o Restaurant Adwak (2 Rue de Tetouan), onde por uma média de 100 Dirhams se pode saborear uma bela refeição, incluindo especialidades de peixe ou opções vegetarianas. Como bónus, oferecem Wi-Fi aos clientes, algo que ainda vai sendo raro em Essaouira.
Se preferir um ambiente totalmente local, há umas tascas muito interessantes bem no coração da medina, perto do La Maison du Cinéma, mas pela sua natureza torna-se difícil providenciar mais informação. A maioria não têm website nem morada e provavelmente tão pouco têm um nome. Mas comem-se por lá uns petiscos marroquinos a preços verdadeiramente locais, enquanto se assiste aos pequenos episódios da vida de bairro. Se deseja mesmo uma indicação mais precisa, encontre a Place Marché de Grains, mais conhecida como Mercado do Milho, e pergunte pelo Toulaoui Café. Ali pode comer um delicioso cuscuz, mas só nos almoços entre Terça e Sexta-feira.
De resto, se aprecia este tipo de ambientes poderá, após a refeição, procurar um dos cafés berberes estabelecidos na rue el Khabbazine. Peça um chá de menta ou um café e desafie um dos campeões locais do jogo das damas.
Vida Nocturna
Apesar da natureza vanguardista do turista típico de Essaouira, a cidade não tem uma cena nocturna digna de Registo. Depois do escurecer a cidade morre, com alguns resistentes, maioritariamente estrangeiros, que vão jantar fora. Para depois da refeição existem uns poucos bares que valem a pena visitar. O Taros (até às 23 horas; encerra aos Domingos) está instalado num terraço no topo de um edifício, no número 2 da Rue de Skala. Em redor da Place Moulay Hassan existem uma série de bares nos andares superiores ou nos terraços de topo dos edifícios circundantes.
Alguns restaurantes oferecem um ambiente agradável para depois da refeição, destacando-se, na medina, os seguintes: Les Chandeliers, La Triskalla e Restaurant Baraka. O primeiro oferece um ambiente intimista, com uma simpática mezanine onde são servidas tapas pelo serão dentro. O segundo é frequentado por um público mais jovem, enquanto o terceiro tem por hábito oferecer concertos de música ao vivo, especialmente ao fim-de-semana.
Detalhes de Essaouira
Os Gatos
Se reparar, verá que em Essaouira os gatos são como animais sagrados. Encontram-se por todo o lado, sendo tratados pelas gentes locais com imensa paciência. Há-os no porto, onde vão competindo com as gaivotas pelos restos de pescado. Nas ruas e nas lojas, onde se instalam indolentemente sobre os produtos, especialmente as carpetes, perante o olhar complacente dos proprietários. Em cafés, saltam descontraidamente para o colo de clientes, que os acolhem com uma carícia no lombo. E não se queixam quando lhes tiramos fotografias.
As Portas
Por toda a medina há que atentar nas portas das casas, decadentes ou restauradas, privadas ou de estabelecimentos comerciais. São testemunhos de um passado longínquo, pintadas em cores diversas, com cantarias de pedra trabalhada que por vezes contam um pouco da sua história. Algumas estão datadas, outras têm misteriosas inscrições em arábico. Veja a minha página “Portas de Marraquexe – Uma viagem através do tempo“.
Memórias dos Anos Portugueses
Apesar do curto espaço de tempo que os portugueses ali permaneceram, existe ainda um sinal dessa presença. Muito escondida, num beco obscuro, podemos encontrar as ruínas de uma pequena capela portuguesa, e ao seu lado, certamente de uma data posterior, uma outra ruína, da delegação diplomática de Portugal em Mogadoro.
Do forte português nada resta, nem poderia restar, porque a área que ocupava encontra-se agora totalmente submersa pelo mar, sensivelmente defronte do porto de pesca. Num pequeno cemitério cristão que podemos encontrar junto à porta Bab Doukalla (do lado direito se formos a entrar na media) existem algumas lápides com nomes portugueses, mas as suas estórias não nos são reveladas.
Como Chegar a Essaouira
Por Via Aérea
Não é uma opção muito comum mas a Easyjet costuma manter uma rota de Londres Luton para o pequeno aeroporto de Essaouira, localizado a cerca de 15 km a sul da cidade. Os preços não são especialmente agradáveis, rondando os 75 Eur (ida e volta) ao longo de todo o ano. O aeroporto localiza-se a cerca de 17 km do centro e existe um autocarro (Lima Bus) que parte para a cidade de duas em duas horas.
De Autocarro
Este é o método mais popular, existindo diversas ligações diárias a partir de Marrakesh. A Supratours será a melhor opção. A companhia tem seis partidas por dia, devendo o bilhete ser adquirido no seu escritório, mesmo ao lado da estação de comboios de Marrakesh. A partida faz-se de lá perto, um pouco mais para diante, mesmo junto ao Hotel Ibis. Em Essaouira, estes autocarros deixam-no mesmo em frente a um dos portões de acesso à cidade antiga. A viagem dura cerca de 3 horas. Os bilhetes custam cerca de 7,50 Euros para os autocarros normais e uns 10 Euros para os de luxo. Se preferir uma atmosfera mais local, vá simplesmente até à estação de camionagem principal de Marrakesh, localizada nos subúrbios, e pergunte por um autocarro para Essaouira. Estão sempre a sair.
De Grand Taxi
Os grand taxis são partilhados e só arrancam do seu ponto de partida quando estão cheios. Pode-se sempre negociar uma partida antecipada com o condutor, mas invariavelmente essa solução passa pelos passageiros existentes cobrirem o valor em falta pelos lugares não preenchidos. Para a ligação entre Marrakesh e Essaouira o lugar simples custa normalmente 80 Dirhams, ou seja, o mesmo que o autocarro normal da Supratours. Se quiser ir à larga, prepare entre 500 a 1000 Dirhams (tudo depende da sua capacidade de negociar).
Transfer Privado
Se preferir gastar um pouco mais e ter uma viagem confortável e descontraída, poderá recorrer aos serviços especializado de transfers. Considere gastar 65 Euros até quatro pessoas, só ida. Outras opções, para grupos mais numerosos, serão possíveis. Para ter uma ideia, consulte a página da agência Ideal Tours.
Trocar Dinheiro
O dinheiro de Marrocos e moeda corrente é o Dirham (MAD). É pouco provável que chegue a Essaouira sem Dhirams, mas se precisar de mais dinheiro durante a sua visita, poderá recorrer a uma das muitas caixas automáticas (ATM – Multibanco) que existem na cidade. Só na medina há pelo menos seis (três deles na Place Moulay Hassan).
Em principio a taxa de câmbio nas caixas automáticas será mais favorável e poderá valer a pena pagar a taxa de levantamento, até porque é mais rápido e prático. Mas se preferir mesmo trocar dinheiro, poderá recorrer a qualquer banco e existe uma casa de câmbio na Avenue de L’Istiqlal. Na rue de Skala há uma outra, a Essaouira Change, mas existem relatos muito negativos sobre a honestidade do estabelecimento.
Uma dica: teoricamente é obrigatório apresentar um recibo de levantamento ou troca quando à partida se pretender trocar os Dirhams que sobrarem para a nossa moeda. É verdade que não há notícia desta regra ser de facto praticada, mas é melhor prevenir.
Roteiros em Essaouira
Roteiros para visitar Essaouira de maneira independente. Itinerários nos melhores destinos e ideias de o que fazer em Essaouira em Marrocos.
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